Novos da Poças Júnior

Vale de Cavalos e Coroa d'Ouro

 
Luís Costa

Luís Costa

No restaurante Via Graça, com uma vista privilegiada sobre a cidade de Lisboa, coube ao enólogo Jorge Manuel Pintão apresentar as mais recentes novidades desta casa de raiz familiar e integralmente portuguesa, cuja enologia é coordenada por si há precisamente três décadas.

 

Membro da quarta geração da família Poças, Jorge Pintão recordou esses tempos longínquos em que fez o seu primeiro Coroa d’Ouro: “Foi algo que me empolgou desde cedo, a possibilidade de fazer vinhos DOC no Douro. Eu sabia que o Douro tinha enorme potencial para fazer vinhos DOC e que o Vinho do Porto era uma excelente escola na elaboração dos “blends”, na escolha da altitude das vinhas, da exposição solar, etc.” E se os primeiros DOC Douro “eram mais poderosos e mais austeros, precisavam de tempo em garrafa para limarem arestas, para suavizarem”, hoje “as maturações são mais exigentes, a seleção das uvas é mais rigorosa e informada, e aproveita-se melhor a grande diversidade de altitudes e exposição solar das vinhas do Douro”. Em síntese, os vinhos conseguem ser “carnudos e consistentes”, mas também “frescos e elegantes”.

A apresentação dos últimos Coroa d’Ouro e Vale de Cavalos serviu também para o lançamento do Poças Colheita 2007, o mais recente tawny de qualidade superior da Poças, de que faremos nota de prova numa próxima edição. E ainda para uma curiosa “prova de casco” de um Touriga Nacional 2016 – vinho interessante, mas ainda muito longe de estar pronto – e do Símbolo 2016, topo de gama da casa Poças, um prometedor lote de Vinha Velha e Touriga Nacional que só chegará ao mercado em 2019.

A curiosidade final seria a apresentação do Quinado, um vinho licoroso com cerca de 40 anos que Jorge Manuel Pintão herdou do antigo provador da casa Miguel Hespanhol, cuja designação resulta do facto de ser um Vinho do Porto ao qual foi adicionado quinina, alcaloide de gosto amargo que tem funções analgésicas e preventivas da malária, e que por isso era extremamente popular nas antigas colónias portuguesas, sobretudo em Angola.

Recorde-se que a Poças reforçou a aposta no universo dos vinhos DOC com a contratação de Hubert de Boüard, enólogo de Bordéus internacionalmente reconhecido – e também do lusodescendente Philippe Nunes, que integra a equipa de Boüard – e que é proprietária de três quintas no Douro, uma em cada sub-região: Quintas das Quartas (Baixo Corgo), com uma área de 2,5 hectares, onde estão instalados o centro de vinificação da empresa e um armazém de envelhecimento de Vinho do Porto; a Quinta de Santa Bárbara (Cima Corgo), com 33 hectares, de onde provêm os melhores Vintages da Poças; e a Quinta de Vale de Cavalos (Douro Superior), com 51 hectares.

 


17

Vale de Cavalos 2015
Douro / Tinto / Poças Júnior

Púrpura. Aromas a fruta madura de bagas vermelhas, muito fresca, com a madeira quase impercetível, apenas a conferir unidade ao conjunto. A boca confirma este perfil de elegância e frescura, com notas discretas de floresta no final. Um vinho sedutor. LC

Consumo: 2017-2021

8,00 € / 16ºC

 

16,5

POÇAS RESERVA 2016 
Douro / Branco / Poças Júnior

Amarelo com laivos esverdeados. Aromas cruzados de fruta branca, maçã Golden e ameixa, em fundo tostado de madeira e agradável referência vegetal. Um toque floral. Boca cheia, láctea e untuosa, mas fresca e com cítrico de qualidade. Nota discreta de maracujá. Final que perdura. Muito interessante. LC

Consumo: 2017-2019
7,00 € / 11ºC


15,5

COROA D’OURO 2015 
Douro / Tinto / Poças Júnior

Rubi com rebordo violeta. Aromas a fruta vermelha de boa qualidade. Perfil fresco de vinho “unoaked”, com notas de mirtilo, groselha e framboesa. Seco e equilibrado, elegante e harmonioso. LC

Consumo: 2017-2019
4,00 € / 16ºC


15

COROA D’OURO 2016 
Douro / Branco / Poças Júnior

Amarelo palha. Nariz carregado de aromas de fruta, cítrico de tangerina e raspa de lima. Também se percebe maçã verde. Boca fresca. Notas de limão. Vivaço e descomprometido. Para dar prazer imediato. LC

Consumo: 2017-2018
4,00€ / 11ºC