Uma equação de equilíbrio

Quinta Dona Matilde

 
Fátima Iken

Fátima Iken

Aqui, o tempo e a alma duriense falam mais alto. Projeto familiar alicerçado numa história que remonta à primeira demarcação pombalina (1756), a quinta Dona Matilde construiu, na última década, uma equação de futuro, apostando em vinhos singulares, fruto das características intrínsecas do “terroir”, num equilíbrio certeiro que casa vinhas novas e velhas.

Conciliando esse manancial anímico com uma visão prospetiva, a quinta produz hoje vinhos com aromas complexos e grande potencial de envelhecimento mas, ao mesmo tempo, detentores de grande frescura e subtileza. Isso mesmo pudemos aquilatar numa vertical do Reserva tinto Dona Matilde, uma forma de celebrar os 10 anos da marca, 90 anos de origem no Douro e o lançamento do Dona Matilde Reserva tinto 2013.

A biodiversidade e localização - na margem norte do Douro, nas imediações da barragem de Bagaúste - permitem jogar estrategicamente com poente e nascente e cotas entre os 80 e os 300 metros, abarcando uma grande frente de rio. O ecletismo que diferencia o perfil destes vinhos passa ainda por solos xistosos e argilosos, pelo “field blend” de vinhas velhas tradicionais, com idades entre 60 e 80 anos, e plantações mais recentes, com cerca de 20 anos.  São 28 hectares de vinha inseridos num total de 93 hectares, no Cima Corgo, onde a vegetação natural mediterrânica, árvores vetustas, mortórios, olival e um pomar de laranjeiras confluem numa reserva qualitativa em termos de diversidade.

A marca está presente no mercado com nome próprio desde 2007 e pertence à família do neto do fundador, Manuel Ângelo Barros, diretor-geral. Adquirida pelo avô Manoel Barros, em 1927, a quinta integrava o grupo Barros, vendido em maio de 2006 à Sogevinus. No final desse ano, a Quinta Dona Matilde acabou por regressar às mãos da família, pois a ligação afetiva e um projeto de gerações falaram mais alto e Manuel Ângelo Barros decidiu readquiri-la.

No final de abril será lançado o primeiro Reserva branco 2016, parcialmente fermentado em garrafa, que se junta ao Dona Matilde DOC branco. Quanto aos tintos, a gama inclui o Fartote, Dona Matilde DOC e Reserva, sendo que se procede agora ao lançamento do Reserva tinto 2013, “blend” de 20% de vinhas velhas e 80% de das castas Touriga Nacional e Touriga Franca (50% e 30% respetivamente), procurando preservar a acidez e a frescura, contrapondo com um “terroir” exposto a sul, de maturação muito acelerada. A quinta vai ainda lançar, este ano, os vinhos do Porto Colheita e Vintage 2010, sendo que toda a vinha tem letra A e, em tempos, integrou o reduto de produção dos chamados “vinhos de feitoria”.