Acordo sobre Alvarinho com balanço positivo

Fotografia: Arquivo
Marc Barros

Marc Barros

CVRVV destaca crescimento em 32% das vendas de Vinho Verde Alvarinho nos primeiros três anos de implementação.

 

 

A implementação do acordo, alcançado em 2015, que visa o alargamento da produção de Alvarinho com a menção Vinho Verde à totalidade da região, resultou num crescimento de 32% das vendas de Vinho Verde Alvarinho, sendo que “foram os produtores da sub-região de Monção e Melgaço quem mais alavancou as vendas na aplicação do acordo”. Este valor compara com os 5% de crescimento das vendas de Vinhos Verdes. 

Também as vendas de Alvarinho e Trajadura aumentaram 17% e as de Alvarinho e Loureiro (categoria proibida pela lei anterior) representam hoje 3,3 milhões de litros anuais. Um dos fatores que terá contribuído para o aumento das vendas de Alvarinho terá sido a obrigatoriedade, imposta pelo acordo, de adicionar pelo menos 30% de Alvarinho ao lote de vinhos. 

Manuel Pinheiro, presidente da CVRVV, traçou um balaço da aplicação do acordo que prevê a utilização, pelos produtores de Monção e Melgaço, concelhos que constituem a sub-região que até agora detinha a exclusividade de produção de Vinho Verde Alvarinho, de um “selo de garantia”, bem como do rótulo “Alvarinho Premium” para os seus vinhos desta casta. Foi ainda estabelecido o período transitório de seis anos durante o qual disporão de um montante de três milhões de euros para investir na promoção dos vinhos e da oferta ecoturística.

A produção de vinho DO [Denominação de Origem] Vinho Verde Alvarinho a partir de uvas produzidas fora da sub-região só será uma realidade a partir da vindima de 2020/21. Trata-se da casta mais bem paga a nível nacional para produção de vinhos tranquilos, ultrapassando um euro por quilo na última edição. Com efeito, “um dos receios deste acordo” parece posto de lado, uma vez que “o preço da uva mantém-se estável”, referiu Manuel Pinheiro num encontro com jornalistas.

Nos restantes concelhos da região, a casta pode ser plantada e vinificada mas rotulada como Vinho Regional Minho, que não tem “o mesmo valor comercial no mercado nacional e internacional”, refere Manuel Pinheiro. Um dos maiores motivos de protesto dos produtores da sub-região seria o abandono da vinha em Monção e Melgaço, o que não se verificou: por um lado, “porque a região tem escassez de matéria-prima e a casta não é muito produtiva” (cerca de seis toneladas por hectare) e, por outro lado, “a sub-região apresenta um elevado índice de reconversão de vinhas”, com investimentos em curso e outros novos associados. Ao mesmo tempo, não se assiste ao plantio de novas áreas de Alvarinho fora da sub-região, sendo que, hoje, garante Manuel Pinheiro, a casta que está em maior expansão é a Loureiro, dada a sua produtividade (15 ton./ha), mas também Arinto e Fernão Pires. Aliás, o rendimento por hectare para o viticultor aproxima-se em ambos os casos, dado que o preço médio da uva Loureiro ronda os 0,45 euros/ha. 

Um dos objetivos da Comissão era, com a aplicação deste acordo, dotar a região da capacidade para ombrear, nos mercados internacionais, com a produção de vinhos desta casta oriundos da Galiza. E se, para já, o aumento das vendas tem sido conseguido à custa do “mercado interno”, o mesmo objetivo mantém-se, com o investimento em promoção nos mercados externos, como Suécia e Japão, elencou Manuel Pinheiro. Manuel Pinheiro destaca o facto de este acordo ter nascido de um conselho interprofissional, cujas recomendações foram acatadas pelo poder político e, ao mesmo tempo, “abolir uma fronteira” que impunha que os produtores de Monção e Melgaço não pudessem adquirir uvas e vinhos a sul e vice-versa.