Isabel Furtado e Cristina Fonseca vencem Prémio D. Antónia

Fotografia: Fotos D.R.
Redação

Redação

Criados em 1988 pelos descendentes de D. Antónia Adelaide Ferreira, aquando do processo de aquisição da A. Ferreira pela Sogrape, os prémios D. Antónia referentes a este ano acabam de ser entregues a Isabel Gonçalves Furtado (CEO do grupo Têxtil Manuel Gonçalves e Presidente da COTEC) e Cristina Fonseca (co-fundadora da TalkDesk e Indico).

 


O prémio foi criado para prestigiar mulheres portuguesas cujo percurso de vida revele uma identificação estreita com os valores pessoais e profissionais personificados por Antónia Adelaide Ferreira. Personagem ímpar na história do Douro, Dona Antónia ficou para sempre associada à figura de empreendedora e humanista que inspirou, de forma determinante, o desenvolvimento da marca Porto Ferreira e de toda a viticultura duriense.


Na 31ª edição do Prémio D. Antónia, um júri presidido por Artur Santos Silva atribuiu o Prémio Consagração de Carreira a Isabel Furtado – como homenagem por um percurso de vida consolidado e merecedor de inequívoco reconhecimento público – e o Prémio Revelação a Cristina Fonseca, assim reconhecendo um percurso de vida com relevância em fase de afirmação e desenvolvimento.


Isabel Furtado nasceu em Famalicão a 25 de junho de 1961. É desde 2009 CEO da TMG Automotive, empresa que se dedica ao fabrico de interiores para automóveis. Há cerca de um ano, Isabel Furtado tomou posse como presidente da COTEC, sendo a primeira mulher a ocupar o cargo. Desde muito jovem que estudou fora de Portugal – tendo concluído o ensino básico em Toronto, Canadá, e o secundário em Tunbridge Wells, Inglaterra. Licenciou-se em Economia pela Universidade de Manchester. Em 2014, foi agraciada pelo Presidente da República com o grau de Comendador da Ordem de Mérito Industrial.


Cristina Fonseca, investidora e empreendedora tecnológica, é co-fundadora da startup Talkdesk, empresa portuguesa que oferece soluções inovadoras para contact-centers que recentemente ascendeu ao patamar de unicórnio com uma avaliação superior a mil milhões de euros. Em janeiro de 2016 integrou a lista Forbes 30 under 30, que identifica os jovens com menos de 30 anos que estão a mudar as empresas de tecnologia, e em 2017 a Talkdesk entrava na lista Cloud 100, da Forbes, como uma das startups que se destacam a resolver alguns dos problemas das grandes empresas.


Dona Antónia faleceu a 26 de março de 1896 quando estava prestes a completar 85 anos de uma vida intensa ao serviço da causa do Douro Vinhateiro e dos seus habitantes, principalmente os mais pobres e desfavorecidos, tendo sido sem dúvida uma das personalidades mais marcantes da história de uma das primeiras e mais importantes regiões demarcadas da viticultura em todo o Mundo.


Esta mulher franzina, mas também vibrante e corajosa, tornou-se um símbolo raro de empreendedorismo e é hoje recordada como um exemplo de tenacidade no combate ao drama e à miséria que se abateram sobre a região do Douro em consequência da praga da filoxera, destruidora de grandes vinhedos e dos sonhos de muitos agricultores arruinados. Um cenário de desolação a que a Ferreirinha soube responder com firmeza na luta contra a doença das videiras, através da investigação dos processos mais evoluídos de produção do vinho, de novas grandes plantações de vinha e de aquisições avultadas de terras e de vinhos a proprietários temerosos e descapitalizados.


Herdeira de uma família abastada do Douro com uma importante atividade no cultivo da vinha e na produção de Vinho do Porto, Dona Antónia viu-se na contingência, aos 33 anos de idade, após ter enviuvado, de assumir a liderança dos negócios familiares e de desenvolver aquela que viria a ser a casa FERREIRA – missão que cumpriu com raro brilhantismo, revelando uma extraordinária vocação empresarial.