Força Portugal

Este é um editorial escrito a umas horas do início do jogo Portugal – Marrocos, fase de Grupos do Campeonato do Mundo FIFA 2018, estando neste exacto momento em Miami, a promover os vinhos da mais antiga região vitivinícola demarcada e regulamentada do Mundo: Douro. Lá para trás, ficaram uns quantos países, várias dezenas de cidades e três continentes, para não falar da multiplicidade de ações, produtores, vinhos, denominações de origem e público. O primeiro semestre de 2018, foi, assim, mais uma oportunidade de contacto com outros mundos do vinho, de auscultação dos mercados e de percepção de que Portugal continua a crescer e a trilhar um caminho de sucesso e consolidação como uma marca. Uma marca em diferentes áreas. O que poderia ser uma moda está a tornar-se uma tendência. E é percetível e reconhecido seu o valor em diferentes áreas.

Portugal é uma referência incontornável na história mundial, tantas vezes descrita ou relembrada por quem participa nas ações a próposito da apresentação de um vinho; mas é também uma marca no turismo pela força da nossa paisagem, da nossa hospitalidade, do nosso vinho e gastronomia; uma marca no futebol: assim que se diz Vinhos de Portugal ou Madeira ouve-se de imediato um “Ronaldo” pronunciado das mais diversas formas mas sempre com aquela admiração do “vocês têm o melhor do mundo”; uma marca no têxtil ou no calçado expressa na frase “os portugueses são muito bons”; uma marca no vinho, pois tem essa capacidade de aliar e colocar em interação passado-presente-futuro, de suscitar reconhecimento da qualidade, da excelência, do saber-fazer, da inovação e do seu património de castas autóctones. E, no vinho, temos todo esse admirável mundo que confere a identidade, a genuinidade, aquilo que nos torna competitivos, únicos, que nos permite falar com paixão e conquistar as nossas audiências. E aí a presença dos produtores nas ações faz a diferença, assim como faz a diferença ter alguém que não partilha a nossa nacionalidade mas partilha a nossa paixão e com competência comunica o nosso património.

Portugal, no mundo dos vinhos, é também uma marca feita de muitas marcas individuais, próprias, icónicas, construidas ao longo de séculos, criadas com amor, inspiração e emoção. Quem no mundo não reconhece o Mateus Rosé? Quem não sabe pronunciar Noval Nacional, quem nunca disse Ferreira… São 430 Anos de Croft, 380 de Kopke, 326 de Taylor’s, 228 de Sandeman... e os Madeira, 184 Anos de Blandy’s, 168 de Henriques & Henriques, 148 de Justino’s… e Setúbal e os 184 anos da José Maria da Fonseca... não imaginam, ou até imaginam, o poder de um Mouchão de 1963 ou de um Quinta do Carmo 1986 ou de um Tapada do Chaves branco de 1985 para atrair os mais conceituados jornalistas e profissionais de um dos mercados mais competitivos da Europa, como é o suíço… não imaginam, ou até imaginam, o sorriso que o aroma de um Madeira desperta nos mais conceituados Sommeliers e o prazer que se sente ao entrar numa sala que cheira a Moscatel de Setúbal ou a Porto.

Todas estas marcas tem um valor que está além do preço ou da qualidade que cada um de nós ou o mercado lhe confere. Tem o valor de conseguir fazer do nosso vinho mais que um vinho; tem o valor de transportar quem o consome para a nossa história, para o nosso país; tem o valor de fidelizar este novo drive e força do marketing que é o consumidor; tem o valor de criar momentos únicos, de sedução, de aspiração seja um Mateus Rosé, um Casal Garcia, um Pêra Manca ou um Barca Velha, seja um dos mais coleccionáveis e raros Portos, Madeiras, Carcavelos ou Moscatéis de Setúbal a um dos mais vibrantes Alvarinhos… E, ainda por cima, Portugal tem esta capacidade única de poder e ter vinhos para todos os gostos, todos os bolsos e todas as paixões. Portugal tem a capacidade de surpreender para conquistar. 

Assim, compete a cada um de nós, nas mais diversas funções e a todos os níveis, sejam profissionais ou consumidores, trabalhar afirmar e divulgar o valor destas marcas e da marca Portugal dentro e fora de portas. A crítica é bem-vinda, é necessária, e, até, imperativa mas que seja isenta, construtiva e que aponte caminhos, que abra portas à concertação e à união de esforços, que nos ponha a remar para o mesmo lado. Que sejamos capazes de criticar e de auto-crítica, capazes de perceber as nossas fraquezas e as nossas forças, para melhorar e ir mais longe. Termino como comecei, com futebol, pois quero que se repita o olhar e a certeza do Cristiano naquele exacto momento em que soube que ia dar mais do que o seu melhor e vencer a defesa espanhola. Antes de o fazer acreditou que ia marcar aquele inesquecível livre contra Espanha, um livre que nos deu um empate mas, como bem se disse, que soube a vitória. Um golo que, como tantos outros que marcou, ficará nos nossos corações pois foi marcado com a camisola de Portugal. A nossa Equipa. Enquanto Director da Revista de Vinhos, também ela uma marca com quase 30 anos de vida, posso afirmar que podem contar connosco e com a nossa equipa. A nossa vocação é o vinho, a gastronomia e a vontade de apoiar e divulgar esta nossa capacidade de sermos os melhores. 

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