O sommelier português

Ser um bom sommelier vai muito além de chambrear ou decantar vinhos, de abrir garrafas com tenazes ou sabres. Mas se refletirmos bem, essa tem sido a imagem que frequentemente associamos à figura do sommelier em Portugal. Felizmente, uma nova geração de profissionais está a mudar o cenário.

Ao contrário das anteriores, a atual geração não se limita a vender vinho nos restaurantes. Sente o vinho com a paixão que ele merece, atravessa fronteiras para ir ao encontro de regiões, de produtores e enólogos de várias partes do mundo. E, no que respeita a Portugal, conhece realmente os protagonistas e os “terroirs” de cada vinho. Por si só, isso já faz a diferença. Muito.

A nova geração também procura formação. E como no nosso país esse capítulo tem carências francamente óbvias – o ensino do vinho nas escolas hoteleiras é insuficiente e pouco atrativo para os jovens alunos –, muito optam por seguir programas internacionais de aprendizagem, dentro ou mesmo no exterior. Aliás, Portugal já exporta sommeliers, não apenas para mercados de língua portuguesas. Alguns profissionais integram quadros de restaurantes de renome de grandes capitais mundiais, onde exercem o ofício com dedicação imensa, pressão constante e necessidade permanente de atualização. Ah, claro, fazem-no em vários idiomas que não apenas o português. Que lufada de ar fresco!...

Dá-me imenso gozo ver esta nova geração surgir e assumir a sommelerie, prestigiando-a. O sommelier não deve ser o protagonista do vinho mas tem que ser um dos protagonistas do universo do vinho. Esta revista tem acompanhado esse trabalho de perto, por exemplo com a avaliação do serviço de vinhos em restaurantes. É mais uma forma de percecionar a evolução do que vai sucedendo no país, de avaliar e de premiar os sommeliers portugueses. E é ainda uma forma singela de demonstrar aos proprietários de restaurantes, aos produtores de vinhos e aos consumidores – público que lê esta revista – que importa ter um bom serviço de vinhos num restaurante para garantir uma experiência ainda mais completa.

Nomes como o “nosso” Manuel Moreira, como Rodolfo Tristão, João Pires, António Lopes, João Chambel, Sérgio Antunes, Nuno Oliveira, Carlos Simões Sérgio Marques, André Figueirinha, Nuno Jorge, Marco Valente, Sérgio Cambas, apenas para citar alguns, não são os meros escanções dos tempos de outrora. São sommeliers portugueses, que prestigiam o nosso país. E todos merecem um carinho e um reconhecimento do setor
 

Partilhar
Voltar