Vinhos do Tejo com bons indicadores de vendas

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Redação

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A Comissão Vitivinícola Regional do Tejo (CVR Tejo) tem vindo a dar nota dos números no que toca à de certificação dos Vinhos do Tejo. A performance tem superado todas as expectativas de crescimento, mesmo em ano de pandemia – aumento de 28% no total do ano, de 2020 face a 2019; e 11% no primeiro quadrimestre de 2021 face a 2020. Dados importantes, que revelam que os produtores estão unidos na promoção conjunta do que melhor se faz no Tejo: a aposta na certificação tem impacto na qualidade dos vinhos, mas também na divulgação dos mesmos, na medida em que a venda dos selos que a CVR Tejo atribui aos vinhos reverte para a promoção. 
 
No que toca a venda de vinhos – e porque certificação é um dado distinto –, são agora conhecidos os dados Nielsen relativos ao mercado nacional e ao primeiro trimestre de 2021. Analisados os números e, segundo Luís de Castro, presidente da CVR Tejo, “conclui-se que a região dos Vinhos do Tejo foi das que teve uma melhor performance, tendo vindo a ganhar quota de mercado nos vários canais, tanto em volume como em valor. De salientar que a Nielsen só considera para esta análise os vinhos tranquilos e, tendo a região marcas de vinho frisante com produções bastante significativas, o real peso dos Vinhos do Tejo – sempre tendo em conta o universo dos vinhos certificados, como DOC doTejo ou IGP Tejo – é muito superior aos números apresentados”.
 
Análise de dados do vinho certificado em Portugal e dos Vinhos do Tejo, em volume e em valor
 
De Janeiro a Março de 2021 e face a 2020 (pré-pandemia), as vendas de vinho certificado em Portugal caíram 2,4%, em volume. A região dos Vinhos do Tejo contrariou essa performance, ao aumentar em 39,1% a vendas de litros vendidos e em 2,3 pontos percentuais a quota de mercado. Atinge assim uma quota de mercado de 7,6%, subindo da 6.ª para a 5.ª posição no ranking, atrás do Alentejo, da Península de Setúbal, do Minho e do Douro. Das treze, apenas quatro regiões apresentaram crescimento: Tejo, Península de Setúbal, Lisboa e Beiras. Esta análise é baseada na soma dos canais Distribuição (supermercados e hipermercados) e Restauração, sendo que os aumentos advêm do primeiro – com um crescimento global na ordem dos 23,7% –, devido ao fecho dos restaurantes no confinamento. Na Distribuição, o Tejo é a segunda região que mais cresce, com mais 80,8% face ao período homólogo. Atinge assim uma quota de mercado de 7,6% e consolida a sua (5.ª) posição. Nota para o facto de o Tejo ter contribuído em 18% para o crescimento deste canal. Na Restauração, o vinho certificado em Portugal perde 83,6%, ou seja, praticamente a totalidade do negócio, devido ao segundo confinamento. Embora a perda dos Vinhos do Tejo seja de 74,1%, há um aumento de 3,4 pontos percentuais na quota de mercado, o que se traduz na subida da 6.ª para a 4.ª posição no ranking. 
 
Analisando o mesmo período, mas em valor, as vendas de vinho certificado em Portugal caíram 28,5%, uma queda muito significativa pelo efeito da perda de peso da restauração. No Tejo o impacto foi menor, a rondar os 2,8%, mas com um aumento de 1,3% pontos percentuais, o que significa que a quota de mercado subiu de 3,7% para 5% e uma posição no ranking. O Tejo é a 5.ª região, atrás do Alentejo, do Douro, da Península de Setúbal e do Minho. Olhando para o canal Distribuição, o mercado global cresceu 27,7% e o Tejo foi a terceira região com melhor performance. Com um aumento de 54,3% tem agora a 5.ª posição no que a quota de mercado diz respeito – subiu duas posições face a 2020. Na Restauração, a perda global foi de 85,6% face ao período homólogo. Uma performance negativa transversal a todas as regiões, onde o Tejo foi a região menos impactada, com 76,6% de perdas, mas um aumento de 2 pontos percentuais e qualificação na 5.ª posição do ranking.
 
De ressalvar que a comparação de dados relativos ao primeiro trimestre de 2021 face a 2020 é completamente atípica – pandemia e confinamento versus comportamento dito comum –, o que não justificando grandes análises, nomeadamente no que diz respeito à Restauração, onde os números são dramáticos. Apesar de algum optimismo, continuamos a viver tempos de incertezas relativamente à recuperação económica. 
 
Retrato de um país em pandemia e implicação no sector
 
Com as diversas restrições e os confinamentos ao longo do ano, o mercado foi forçado a concentrar esforços num ambiente de retalho agressivo, onde as promoções e as activações ajudaram a minimizar o impacto do colapso do comércio – fecho da restauração e grande diminuição do turismo. Neste contexto, o vinho provou ser uma das categorias com melhor desempenho, amplamente adoptada e consumida em casa. Categorias como o gin, vodka, rum e tequila (de orientação mais social) foram “devastadas” pelas limitações de contacto social, e pelo encerramento da “noite”, sofrendo perdas bastantes significativas em 2020 versus 2019. Embora o turismo deva regressar de forma gradual, a situação actual do Algarve (turistas ingleses), a redução das viagens de negócios e de encontros/conferências vão, provavelmente, dar origem a uma recuperação mais lenta para Lisboa e Porto. 
 
Portugal deverá entrar num período económico difícil, fundamentalmente pelo aumento do desemprego e pela diminuição do poder de compra. Isto terá implicações menos positivas, no que toca à pressão da actividade promocional, na medida em que o retalho português é considerado altamente competitivo e Portugal é amplamente citado como sendo um dos mercados com maior índice de promoção da Europa: cerca de 40% das vendas no retalho são feitos em promoção. 
 
O comercio eletrónico em Portugal começava a dar os primeiros passos, sendo que as restrições da pandemia vieram acelerar, e muito, todo o seu desenvolvimento. Portugal soube reagir de forma rápida e eficaz, contudo, a maior fatia de consumidores de vinho ainda faz as suas compras na Distribuição. Garrafeiras, produtores (winery) e internet são os canais com mais potencial de crescimento no futuro e com níveis de consideração mais elevados.