A melhor vacina? Não desistir.

Editorial


Escrevo este editorial tendo como pano de fundo os dados sobre as exportações de vinhos portugueses divulgados pelo Instituto da Vinha e do Vinho, no Fórum Anual da ViniPortugal, constatando que a impressão que venho a construir, fruto do trabalho que desenvolvo e do constante contacto com os agentes do setor: as exportações de vinhos portugueses voltam a crescer. Tudo indica que a tendência se manterá no último trimestre, levando Portugal a ultrapassar o valor registado em 2019. Aplaudo, assim, todos os que trabalham e tornam o vinho num motor da economia portuguesa, numa das maiores bandeiras de Portugal. Estes resultados não escamoteiam realidades menos felizes, não nos farão esquecer que há situações graves e de difícil resolução ou que estamos perante uma crise que irá muito além do plano económico, afetando todas as dimensões em que vivemos e agimos. Contudo, mostram que, mesmo quando à incerteza se junta a limitação da esfera de ação, somos capazes de adaptação e evolução, o que traz crescimento. Se o conseguimos no vinho, decerto o conseguimos e conseguiremos noutras áreas.


Estes resultados devem ser comunicados para servir de motivação a continuar a fazer caminho. Se num tempo como este, em que tudo faria prever uma desaceleração, Portugal cresceu, imaginem o que poderemos fazer se mantivermos a atitude de resiliência, de perseverança e de inovação que certamente esteve por trás deste crescimento. Imaginem o que podemos fazer se mantivermos um “coletivo” forte, concertado e enérgico, onde cada um dará o melhor de si, sabendo que tal vai fazer com que a fatia que compete a Portugal cresça.


O mercado externo onde Portugal mais cresceu (21,5%) foi o Brasil, onde ocupa o segundo lugar na tabela de exportadores, atrás do Chile, que beneficia do Mercosul. Destronar o Chile não será fácil mas não há impossíveis. Distanciarmo-nos de França e de Itália, que ocupam outras posições cimeiras, poderá ser um objetivo de curto e médio prazo. De uma forma ou de outra, há espaço a conquistar e o Brasil poderá servir como modelo para a ação noutros mercados. Estados Unidos, Canadá, Suécia, Noruega, Finlândia e Reino Unido também registaram crescimento. Não poderíamos estar a olhar para perfis tão diversos, o que mostra o potencial que a diversidade portuguesa tem. Se no próximo ano, e num contexto mais aproximado à normalidade anterior, Portugal for capaz de contrariar as quebras registadas na Alemanha, França, Angola e China e reforçar crescimentos, poderá finalmente descolar e subir na tabela do TOP 10. Há muitas variantes no ar, mas por que não acreditar e trabalhar para tal? Tal implica a tão difícil quanto fundamental perspetiva de longo prazo, na qual o contributo de todos, independentemente de entidade, local ou função desempenhada, é vital.


A Revista de Vinhos e a empresa Essência do Vinho contribuem para este esforço. Este não será certamente o nosso melhor ano de sempre, mas está longe de ser negativo. Desde o primeiro dia, perante a adversidade e com movimentos mais ou menos limitados por novas regras e muita incerteza, arregaçamos mangas e planeamos, abrimos mercados, criamos novos suportes e conteúdos, reforçamos parcerias e estamos a concretizar os projetos anunciados. O setor, percebendo esta reação, reiterou a confiança, reforçou a aposta, acreditou e apoiou o mérito da nossa estratégia. Por sua vez, a equipa, percebendo que havia rumo e margem para trabalhar, levou a sua capacidade e as suas competências até ao limite, geriu e aproveitou responsavelmente os recursos postos à disposição, respondeu aos desafios e ajudou a contornar o supostamente inevitável, já que uma boa parte dos resultados assentava na organização e promoção de ações e eventos.  Dia a dia, com trabalho, dedicação individual, num misto de sacrifício, esperança e otimismo, vamos vencendo a ameaça.


Se assim é num “coletivo" reduzido, neste contexto, a força e a vontade de cerca de 10,3 milhões de pessoas, a população portuguesa, serão mais que nunca o fator diferenciador, levando-me a trazer para a capa desta edição o chefe Rui Paula, relembrando o percurso de um homem e de um empreendedor que nunca partiu do zero, pois trazia em si um sonho e uma visão, os valores do trabalho e a capacidade de liderar uma equipa que soube manter estável e que o acompanha. Com esta capa e num mês tão especial como dezembro, a Revista de Vinhos põe em foco um setor vital e um dos que mais sofreu. Para além daquilo que representa em termos de economia e emprego, sendo um setor que oferece o que de melhor há na vida, a arte da culinária, a arte do serviço e da hospitalidade, merece o nosso apoio, seja numa ida a um restaurante, num pedido de take-away, na compra de vouchers como presentes ou na vontade de com ele pensarmos em estratégia, em novos modelos e novas formas de o incentivarmos.


 
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Além da versão impressa, a Revista de Vinhos continuará ligada diariamente, online e em diversas plataformas e redes sociais. Não vamos parar e produziremos conteúdos diversificados em nome do que nos move: a divulgação do vinho e da gastronomia. Fique atento e siga-nos!

 

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