Alves de Sousa: O esplendor da Quinta da Gaivosa

Fotografia: Ricardo Garrido

No restaurante portuense DOP, do chefe Rui Paula, a Revista de Vinhos sentou-se à mesa com Domingos e Tiago Alves de Sousa, pai e filho. O pretexto foram os novos lançamentos da Quinta da Gaivosa, propriedade basilar da família.


O primeiro Gaivosa tinto é da vindima de 1992 e marca um novo capítulo na história moderna dos DOC Douro, na medida em que Domingos iniciava aí um trajeto de afirmação que, ao longo dos anos, tem contribuído decisivamente para a ideia que hoje temos da região, dentro e fora do país.

Os vinhos da Gaivosa podem, simplificadamente, dividir-se em dois grandes grupos: os que apresentam grande frescura, muito acidez e finesse, como o Branco da Gaivosa ou o Quinta da Gaivosa; e os portentos, em volume, estrutura e músculo, como o Vinha de Lordelo. Ambos os estilos, todavia, partilham uma matriz – a enorme propensão para o envelhecimento em garrafa, com garantia de bem mais do que uma década.

Expressão do que de melhor podemos desvendar no Baixo Corgo, a Quinta da Gaivosa tem vinhas em solos de xisto a altitudes que variam entre os 240 e os 450 metros. As castas tintas estão maioritariamente expostas a poente, as brancas a nascente. O encepamento é maioritariamente tinto (75%) e por entre os 25 hectares de vinhas assiste-se atualmente a uma revolução silenciosa, misto de conhecimento técnico e sentido experimentalista de Tiago Alves de Sousa.

As “novas vinhas velhas”, como Tiago gosta de as apelidar, são plantações que preservam a topografia das encostas, em patamares de xisto, seguindo as curvas de nível para minimizar problemas de erosão. O sistema tradicional de condução em Guyot duplo, a densidade alta de plantação (8.000 videiras/hectare) e a mistura de castas (embora organizadas por linhas ou micro-blocos) são algumas das práticas atualmente usadas e que, acreditam, garantirão o futuro vegetativo da propriedade. Por outras palavras, a Quinta da Gaivosa, em todo o esplendor.

TEXTO: Guilherme Corrêa, José João Santos, Nuno Guedes Vaz Pires