Casta: Baga

Fotografia: Arquivo
Marc Barros

Marc Barros

É uma casta de paixões, que pode originar alguns dos melhores vinhos nacionais e outros com pergaminhos bem menos notáveis… Trata-se, igualmente, de uma variedade que se presta a inúmeras interpretações, que podem ir desde tintos estruturados, que incorporam como poucos a nobreza da madeira, rosados elegantes, frescos e sóbrios até espumantes de enorme subtileza e texturas.


Encontra-se mais disseminada na Bairrada, onde ocupa grande parte das vinhas da região. Os dados do Instituto do Vinho e da Vinha dão conta da plantação de 8.258 hectares da casta, ou seja, 4% da superfície vitícola nacional, fazendo da Baga a sexta casta tinta mais plantada no país. Até porque a sua presença não se limita à Bairrada, estando noutras regiões como Trás-os-Montes, Douro, Dão (bem mais do que se poderia pensar) ou mesmo no Alentejo! Isto porque a variedade adapta-se bem a todos os tipos de solo, pedindo contudo terrenos de média fertilidade, bem drenados.

Sendo uma casta de grande vigor, maturação tardia e sensível à podridão, necessita de atenção constante na vinha. Por outro lado, o facto de não originar vinhos com elevado grau alcoólico e possuir elevada acidez natural (6-7 gr./lt.) faz com que seja desafiante na adega mas, em simultâneo, altamente apetecível para preencher as necessidades das atuais tendências de mercado, domadas que estejam a sua rusticidade e carácter vegetal.

Nas melhores interpretações, origina vinhos com concentração, aromas vivos de frescos de bagas silvestres, ameixa preta, estruturados, acidez alta e que, no casamento com a madeira, mostra notas de torrefação, café, tabaco. Também na Bairrada, de forma inteligente, a CVR local dinamizou o projeto Baga Bairrada, que visa estabelecer uma categoria própria e padrão de qualidade para os espumantes da casta, capaz de diferenciá-los no mercado e, sobretudo, a preços acessíveis. Viva a Baga!


DICAS

1. A casta assume diversos epítetos, como Baga de Louro, Poeirinho, Tinta da Baga ou Tinta da Bairrada. A pequena dimensão do bago, a fazer lembrar pequenos frutos selvagens, explica a presença constante do nome nas diversas sinonímias.

2. As diferentes harmonizações tornam a variedade especialmente apetecível para a mesa. Veja-se, por exemplo, a ligação entre cozinha asiática mais picante com rosés secos e acidez elevada, tintos robustos com carnes grelhadas ou de forno e, por que não, a eterna combinação vencedora: leitão e espumante.

3. Deixamos algumas sugestões de vinhos da casta Baga que não da Bairrada: os alentejanos Baga ao Sol ou Baga a ½ Sol; o transmontano Palácio dos Távoras Parcela CB Baga 2016 e, do Dão, o espumante Casa Da Passarella - O Fugitivo Baga Bruto.

4. Mas, se falamos de espumantes, não podemos excluir os belíssimos Baga Bairrada, brancos e rosados, com a sua belíssima cremosidade e a mineralidade aportada pelos solos calcários. Para beber todo o ano…