Encruzado

Fotografia: Arquivo
Marc Barros

Marc Barros

Variedade branca autóctone do Dão, a Encruzado caracteriza-se por dar origem a vinhos sérios e estruturados, untuosos e de extraordinária capacidade de guarda. Apresenta um traçado histórico relativamente recente, com pouco mais de 50 anos. Talvez por isso, a casta regista apenas cerca de 250 hectares de vinha, atrás de outras castas representativas do Dão, como a Malvasia Fina ou mesmo a Bical; para não falar da corrida à nova coqueluche da região, a Uva Cão.


É “uma casta nova e única”, muito plástica e “polivalente”, como afirma Paulo Nunes, enólogo da Casa da Passarella. Também pela ‘juventude’, apenas recentemente o seu potencial começou a ser explorado. Um dos “mestres artesãos” da Encruzado é Manuel Vieira que, enquanto enólogo da Quinta dos Carvalhais, foi quem começou a extrair todo o potencial da variedade nos lotes trabalhados em madeira. 

A Encruzado “não é uma casta exuberante nem particularmente entusiasmante logo que é vinificada”, afirma. “Os descritores aromáticos são espargo e qualquer coisa verde. Com a experiência e a evolução percebemos que a casta precisava de tempo e madeira – nova -, que lhe dá apoio aromático muito específico” mas “não se deixa dominar pela madeira”. Ao mesmo tempo, a madeira usada é importante para afinar o vinho”, explica. 

Trata-se de uma casta do agrado do agricultor. Muito produtiva e regular, não é atreita a doenças e resiste bem ao stress hídrico. Produz vinhos estremes de enorme qualidade e é perfeita para aportar acidez e vivacidade aos lotes de brancos do Dão. Segundo Rodolfo Tristão, é uma casta que se “comporta de maneira diferente consoante os locais, procura o terroir e explicita bem as sub-regiões” de onde são oriundos os vinhos. Tem, por isso, todo o potencial para ser uma das castas-rainha dos vinhos portugueses a nível internacional.