Fernão Pires

A casta com dois sexos

 

{ Aromas de lima, limão, tília, manjerico, rosa, tangerina e laranjeira }

 

Trata-se da casta branca mais plantada em Portugal e ocupa uma mancha regular ao longo do país, embora seja nas regiões do Ribatejo e da Bairrada que assume maior protagonismo e maioridade. A casta Fernão Pires tem essa característica, tão peculiar como caricata, de, ao passar a fronteira da Bairrada, “mudar de sexo”, já que nesta última região adopta o nome de Maria Gomes.

Amada e simultaneamente mal querida, dificilmente reúne consenso entre os partidários da sua tipicidade e vitalidade aromáticas, e os detractores que lhe apontam uma desventurada simplicidade no palato. Mas os segredos do seu sucesso são fáceis de alcançar e de ilustrar – a extrema generosidade da produção, a versatilidade, a precocidade da maturação, a bondade do açúcar e a elevada concentração de compostos aromáticos explicam a sua popularidade junto dos apoiantes indefectíveis. Apenas a casta Moscatel lhe consegue passar a perna quanto à concentração aromática natural.

A sua extrema versatilidade permite que seja utilizada a solo, em lote, espumantizada e mesmo trabalhada como colheita tardia, na obtenção de vinhos doces. Facilmente descobrimos que os vinhos procedentes da casta Fernão Pires se apresentam extremamente perfumados, exuberantes nos aromas, eloquentes na sedução e no encanto.

O reverso da medalha reside na baixa acidez, na elevada susceptibilidade para a oxidação e, portanto, na propensão para a subsistência de vinhos planos, enjoativos, sem personalidade ou chama. Vinhos que, por regra, têm tendência para apresentar uma vida curta, onde os aromas primários depressa se desvanecem. São pois vinhos que, por regra, devem ser bebidos jovens. Os descritores que lhe estão associados alternam entre a lima, limão, erva limão, tília, manjerico, rosa, tangerina e laranjeira.

Para além do seu Portugal natal, a casta Fernão Pires é plantada na África do Sul, onde diversas experiências têm sido conduzidas com algum sucesso.

 

Quer experimentar?

Para descobrir as virtudes e latitudes da casta Fernão Pires, bem como as idiossincrasias regionais, procure encontrar exemplares jovens, frescos e aromáticos da Bairrada e do Ribatejo. Junta-se ainda um exemplo da casta na versão doce, tendência actual que parte da inovação ribatejana. Propomos os seguintes vinhos:

- Marquês de Marialva Maria Gomes 2005
- Companhia das Lezírias Fernão Pires 2005
- Quinta do Alqueve Branco Tardio 2003