Tequila!

Fotografia: Fotos D.R.
Marc Barros

Marc Barros

Margarita, Tequila Sunrise e outros cocktails de igual nomeada, constam entre os mais reconhecidos à escala global. Na sua base, a tequila, essa ainda grande desconhecida. Espirituoso com denominação de origem, presta-se a uma larga panóplia de momentos de consumo e pede para ser descoberto pelos apreciadores de ‘spirits’ de qualidade. Senhoras e senhores: tequila!

 

Uma das bebidas espirituosas mais reconhecidas à escala global, a tequila padece do severo desconhecimento quanto às suas origens, modos de produção e destilação, bem como à capacidade de se prestar à vasta arte da coquetelaria, dotando-a de uma versatilidade incomum, seja em estilos, seja em momentos de consumo – com os sacrossantos sal e limão, como base dos incontáveis cocktails ou mesmo pura, com ou sem gelo (já há até um copo oficial para tequila, elaborado pela Riedel!)
Registada em 1978, a Denominação de Origem Tequila constituiu um passo gigante na regulamentação e defesa da proteção, qualidade e identidade da bebida. Isto porque, para ser rotulada Tequila, deve ser produzida nos territórios mexicanos abrangidos pela D.O. (cerca de 11 milhões de hectares dos estados de Jalisco, Nayarit, Guanajuato, Michoacan e Tamaulipas) e seguir o método de produção oficial, conhecido pela apelativa designação de NOM-006-SCFI-2005.


A tequila é elaborada a partir da destilação da fruta conhecida como agave-azul, morfologicamente semelhante ao ananás, que tem terroir de eleição nos solos vulcânicos dos territórios abrangidos pela denominação. Tal como na uva para vinificação, também os fatores solo, clima e altitude influenciam a produção da fruta que dá origem à bebida e, bem assim, às características organoléticas da tequila. É referido que as agaves-azuis plantadas em zonas mais altas oferecem teor mais elevado de açúcares, enquanto as agaves das áreas inferiores oferecem características mais herbáceas à bebida.


O padrão oficial mexicano para elaboração da tequila permite a que a fermentação alcoólica dos mostos de agave possa ser feita a partir de leveduras selecionadas ou autóctones, podendo os referidos mostos serem enriquecidos e lotados antes da fermentação com outros açúcares até uma proporção não superior a 49% do total de açúcares redutores expressos em unidades de massa.

‘Spirit’ em crescendo

A tequila é obtida após dupla destilação, sendo que a aguardente resultante, designada ‘plata’, é depois diluída em água. Os dois principais tipos de tequila correspondem às categorias 100% Agave Azul e Tequila Mixto. Esta, como o nome indica, contém um mínimo de 51% de Agave Azul e os 49% restantes resultam de outros açúcares (normalmente açúcares de cana). Os produtos adicionais permitidos nas Tequilas Mixto são adoçantes, corantes e aromatizantes autorizados pelo Ministério da Saúde do México para conferir ou intensificar a cor, aroma e/ou sabor. A partir de 2006, esta categoria pode ser engarrafada fora do território com D.O. Tequila, incluindo outros países.
Assim, no rótulo da garrafa deve constar a menção ‘Tequila 100% Agave’ ou ‘Tequila 100% puro de agave’ para esta categoria. Todos os outros rótulos da Tequila Mixto indicarão apenas ‘Tequila’.

A juntar às categorias mais jovens Blanco e Joven, ou Oro, as tequilas podem ainda sofrer um processo de envelhecimento em madeira de carvalho, com influência na coloração, recebendo as classificações Reposado (dois meses no mínimo em estágio); Añejo (pelo menos um ano em contacto directo com a madeira de carvalho) e; Extra Añejo (mínimo três anos de estágio).

Refira-se que, em 2020, a produção de tequila com denominação de origem ascendeu a 345 milhões de litros, sendo que mais de metade (207 milhões de litros) corresponde a tequila 100% Agave e o restante a Tequila Mixto. No mesmo ano, as exportações desta bebida montaram a 264,5 milhões de litros, dos quais quase 150 milhões de litros foram de tequila 100% Agave.

A notoriedade e a versatilidade da tequila estão a crescer à escala global como bebida espirituosa de requinte e sofisticação – e não é por acaso que estrelas como Justin Timberlake ou Sean “Diddy” Combs juntam esforços e visibilidade à produção de tequilas de referência, no primeiro caso com o lançamento da tequila super-premium Sauza 901 e, no segundo, da aquisição da marca DeLeón, através da joint-venture criada com a multinacional Diageo.

Entre nós, a tequila Patrón, propriedade da Bacardi Martini, é uma das mais reconhecidas e consumidas, estando disponível nas múltiplas categorias. A culminar a semana da Paloma Patrón, foi apresentado um cocktail sui generis, elaborado com base em tequila Silver, ou ‘reposado’, 100% puro de Agave, com sumo de toranja e lima. Deixe-se levar pelo espírito do México…