Tinta Caiada

Fotografia: Arquivo
Marc Barros

Marc Barros

Variedade que encontra maior expressão no Alentejo, esta Tinta Caiada, que representa menos de 1% do encepamento nacional, está presente sobretudo nas vinhas mais velhas da região, indiciando que a casta teve no passado maior reconhecimento e expressão do que no nos nossos dias.


Há, mesmo, quem se lhe refira no Alentejo como sendo a casta Bastardo, apesar de não ser a mesma variedade que medra mais a norte. Tem como sinonímias oficiais Pau-Ferro e Tinta-Lameira (Portaria n.º 380/2012). Em França responde pelo nome Carcajolo e, na Austrália, Bonvedro.


É, por norma, uma variedade de produtividade e rendimento elevados, requerendo ambiente quente e seco para amadurecer nas melhores condições, pelo que se afigura como de altíssimo potencial e mais-valia num cenário de aquecimento climático. Pede-se, por isso, mais estudo sobre as suas qualidades e potencial enológico.
Os exemplares disponíveis no mercado atestam, desde logo, a razão de ser do nome da casta, já que dão conta de vinhos que mostram concentração intensa, granada, notas de fruta madura e aromas vegetais, bem como acidez aprazível, harmoniosos e elegantes. Fica, por isso, mais um exemplo de uma casta do passado a quem se augura um brilhante futuro.

 

 

Dicas:

1. Casta de maturação tardia, a película do bago é espessa e a polpa mole. Apresenta cachos pequenos e compactos, indiciando sensibilidade à podridão. Por essa razão, a variedade pede clima quente e seco, de perfil continental, como no Alentejo, onde, em anos mais quentes, dá origem a vinhos de elevadíssima qualidade e bom potencial de envelhecimento.

2. Historicamente, são várias as referências que dão conta da proliferação da casta no Alentejo, mas também no Algarve e Estremadura, dado o vigor elevado e o rendimento alto por hectare, tão ao agrado do lavrador.  

3. Ausente dos novos encepamentos, a esta variedade é reconhecido um amplo potencial de estudo quanto às suas qualidades como ferramenta perante o fenómeno das alterações climáticas, desde logo com porta-enxertos menos vigorosos.

4. É, ainda, possível encontrar ainda no mercado (uma breve pesquisa na internet atesta-o) de exemplares mais antigos desta casta provenientes do Alentejo, como os de João Portugal Ramos ou da Carmim e, mais recentemente, vinhos extremes da Herdade das Mouras, Comenda Grande ou Ervideira. Nota anda para um curioso vinho licoroso deste último produtor ou, a atestar a versatilidade da casta, o verjus (produzido a partir do sumo não alcoólico de uvas colhidas em verde) da casta produzido na Quinta dos Sentidos, em Silves.