Viosinho

Fotografia: Arquivo
Marc Barros

Marc Barros

A casta Viosinho faz parte de um conjunto de variedades de origem nortenha, presente sobretudo nas regiões do Douro e de Trás-os-Montes, que formam um lote ganhador, quer na produção de vinhos brancos tranquilos, quer Vinhos do Porto brancos. 


Variedade de maturação precoce e produção baixa, oferece níveis médios ou baixos de acidez, sobretudo de a cotas baixas. Porquê, então, esta predileção pela casta? Adaptabilidade e estrutura. Ou seja, trata-se de uma variedade que se dá bem em vários tipos de solos e produz vinhos bem estruturados, aos quais se juntam características sensoriais atraentes, desde logo um caráter floral intenso, mas também frutos exóticos e muita mineralidade.

Daí que, estando presente sobretudo nas vinhas velhas das regiões supracitadas, integra quase todas as novas plantações de vinhas e está a expandir-se para sul, sobretudo para a região de Lisboa, onde é responsável por algumas das mais atrativas propostas em monovarietais. De acordo com os dados do IVV de abril de 2018, a casta responde por 1038 ha. de vinha, cerca de 1% do encepamento nacional, sendo no entanto expectável que o número seja já superior.

Como casta precoce que é, não apresenta problemas de maior na vinha, exigindo no entanto cuidados particulares dada a sua sensibilidade ao oídio. Altamente produtiva, pede solos secos ou bem drenados e adapta-se a diferentes modelos climáticos, a qualquer tipo de condução e porta-enxerto. Os seus vinhos apresentam grau alcoólico considerado muito bom, podendo atingir facilmente 13% a 14% de volume. Por outro lado, dada a sua baixa sensibilidade à oxidação, aos vinhos desta variedade reconhece-se bom potencial de envelhecimento. Percebe-se, por isso, a preferência de que, sobretudo no Douro, a casta é alvo. Com efeito, integra o lote típico do Vinho do Porto branco, juntamente com Gouveio, Malvasia Fina ou Rabigato. Nos vinhos tranquilos, são cada vez mais as opções em monovarietal. Deixamos aqui algumas opções a experimentar. 

DICAS

1 – À casta Viosinho são atribuídas características aromáticas especiais que fazem dela um pilar nos brancos do Douro. Salientam-se, desde logo, os aromas florais intensos e ligeiras notas vegetais, bem como a componente de fruta exótica, que pode ser mais ou menos exacerbada tendo em conta a vinificação.

2 – Para além disso, apresenta boa estrutura e volume alcoólico, fazendo com que, na boca, os vinhos desta casta mostrem bom corpo e alguma doçura, caso os níveis de álcool saiam do equilíbrio. Sendo envolvente, pode terminar chato, dada a sua acidez média. Esta dificuldade pode ser ultrapassada na vinha, se a casta for plantada a cotas mais elevadas, ou na adega.

3 – Assim, as tendências de vinificação desta casta apontam para a produção de vinhos capazes de fazer realçar a sua componente floral e mineralidade, ao invés de apostar no carácter mais frutado. A vinificação em inox a baixas temperaturas, ou com recurso a barricas já usadas ou sem tosta, vão nesse sentido. Obtêm-se desta forma vinhos que podem ser menos do agrado do público habituado a procurar fruta, mas certamente mais interessantes e, até, misteriosos.

4 – A disseminação da casta pelo país vitícola é já uma realidade. Entre os vinhos monocasta disponíveis, ficam algumas sugestões das regiões do Douro, Lisboa e Trás-os-Montes: 100 Hectares Viosinho 2018; AdegaMãe Viosinho 2018; D. Graça Reserva Viosinho 2018; Quinta de Ventozelo Viosinho 2018; Quinta do Gradil Viosinho 2018; Quinta do Portal Unlocked Viosinho 2015 e; Quinta Valle Madruga Viosinho 2018. Boas provas!