Vítor Matos e um amigo entram num restaurante

Jantares que são um “one shot”

Fotografia: Fotos D.R.
Luís Alves

Luís Alves

Jantares que são um “one shot”. Irrepetíveis, com sabor e supresa, o L’Amitié é uma iniciativa do chefe Vítor Matos, no restaurante Blind. Com uma frequência regular vai convidar outros chefes para celebrar a amizade.

 

O conceito é simples: um chefe consagrado convida um outro chefe cujo o grande requisito é terem uma amizade que os liga. A materialização da iniciativa, que se chama L’Amitié, faz-se com o estrelado chefe Vítor Matos e na última edição o convidado foi o chefe Arnaldo Azevedo. O local, esse, é sempre o Blind, restaurante portuense integrado no Hotel Torel Palace, que recentemente foi integrado no Guia Michelin.

“A ideia é mostrar um pouco das ideias que fervilham na nossa cabeça, os nossos conceitos”, começa por explicar Vítor Matos. A ideia surgiu há cerca de um ano e a ideia é aumentar a frequência de realização destes jantares. “Queremos que o L’Amitié começa a acontecer de dois em dois meses”, refere o chefe que vê nestes jantares uma “oportunidade única e irrepetível”.

O L’Amité que celebrou a amizade entre Vítor Matos e Arnaldo Azevedo propôs ser uma viagem rica e longa que chegou inclusivamente à infância do chefe anfitrião. “São vários as pequenas propostas deste menu mas destacaria desde logo o lagostim cítrico e o salmonete com tomate e açafrão. A sobremesa chama-se ‘Memórias da minha infância’, com um QR Code comestível, que remete precisamente para  algumas das histórias da minha infância”, resume.

Arnaldo Azevedo, que acedeu de imediato ao convite de Vítor Matos, elogia o “convívio de amigos em jantares que não acontecem duas vezes”.

No rescaldo da Gala Michelin

A última edição do L’Amité decorreu ainda no rescaldo da Gala Michelin, oportunidade imperdível para falar com alguns dos que foram os protagonistas da noite. Precisamente, Vítor Matos, Rita Magro e o restaurante Blind. “É sempre bom ser premiado pelo trabalho que fazemos. No caso do Antiqvvm [recebeu a segunda Estrela Michelin], vem mostrar que chegamos à maturidade, com o domínio de todos os aspetos: sabor, produto, receção, vinho e serviço. Tudo em harmonia”, refere Vítor Matos, o homem da noite. Recebeu não apenas a segunda Estrela para o clássico Antiqvvm como também a primeira para o irreverente 2Monkeys, aberto há menos de um ano. “Um conceito arrojado, ao balcão, informal, experimental, com um menu a mudar todos os meses”, explica Matos cujo restaurante é dividido com o jovem chefe Francisco Quintas.

Também Rita Magro, chefe residente do Blind, foi uma estrela inesperada da noite no Algarve, no dia 27 de fevereiro. Subiu ao palco para receber o prémio “Jovem Chefe”, facto que surpreendeu a própria mas não o “mestre” Vítor Matos. “A Rita Magro é uma promessa para o futuro. O Guia Michelin, no fundo, disse que a Rita é um nome a ter em conta. Uma promessa segura a ter em conta”, refere Vítor Matos. “Não esperava de todo. Sempre pensei que esse prémio fosse atribuído a algum restaurante com estrela Michelin. Nunca ponderei ser uma candidata. Foi uma agradável surpresa”, revela Rita Magro.

O Blind, aberto em 2020, também saiu vitorioso da primeira gala do Guia Michelin dedicada a Portugal. Desde o final do mês de fevereiro passou a integrar o guia como restaurante recomendado. “É um conceito muito completo. Não é apenas fazer comida e servir aos clientes”, explica Rita Magro, que começou no Blind como sub-chefe e hoje é chefe.

O L’Amitié vai continuar, com o chefe Vítor Matos e outros amigos, numa “aproximação de cozinhas, com delicadeza e sabor” e sempre com um parceiro vínico – que com o chefe Arnaldo Azevedo foi a Billecart Salmon.