Evento organizado pela Comissão Vitivinícola Regional do Dão (CVR Dão) premiou os produtores vencedores do Concurso “Os Melhores Vinhos do Dão no Produtor” da colheita 2018. Fez-se ainda o balanço de vindima do ano passado e a apresentação dos vinhos que daí resultaram.
Produtores, enólogos, técnicos e imprensa. Todos reunidos no Solar do Vinho do Dão para uma manhã de balanços. A 9ª edição do evento Dão Primores decorreu ontem, em Viseu, e serviu para refletir sobre o difícil ano de 2018. “Um ano de condições extremas, de muito calor e de muito frio, de fenómenos imprevisíveis como os incêndios que afetaram quase todas as nossas sub-regiões”, começou por resumir o viticólogo Bruno Simões.
As dificuldades sentidas a vários níveis nas vinhas do Dão levaram a uma quebra muito significativa de produção. De uns habituais 30 milhões de litros, em média, 2018 fez apenas chegar 22 milhões às adegas da região. Apesar disso, e talvez também por isso, a qualidade dos vinhos apresentados merecem destaque. O enólogo Pedro Pereira afirmou ter recebido “uvas de grande qualidade, em condições fitossanitárias excelentes”. Depois da vindima mais precoce das últimas décadas, a de 2017, o ano seguinte conseguiu “fazer cumprir o perfil típico e tão apreciado do Dão. Isto é: um equilíbrio exímio entre açúcares e ácidos”, descreveu Pedro Pereira, convidado pela CVR Dão para caracterizar os vinhos.
Arlindo Cunha, presidente da CVR, abriu a cerimónia e aproveitou a oportunidade para reforçar o papel de ‘aperitivo’ que o Dão Primores tem, ao apresentar os vinhos ainda em bruto que ainda não chegaram ao mercado, e também para revelar que a próxima edição do Dão Primores, em 2020, vai ter um novo modelo e algumas surpresas. Ainda nos moldes habituais, estiveram 30 produtores com 150 vinhos em prova, com as novidades de 2018.
O Concurso “Os Melhores Vinhos do Dão no Produtor” atribuiu 52 diplomas a vários produtores da região. O Grande Vinho distinguiu um vinho tinto da Casa de Santar. No total foram atribuídos 52 diplomas de ouro e oito de prata. Dos vários premiados, alguns arrecadaram vários galardões, como é o caso da Adega de Silgueiros, a Adega de Penalva do Castelo ou a Quinta de Lemos.
A oradora convidada deste ano foi Dora Simões, antiga presidente da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVA) e antiga diretora-geral da ViniPortugal. A agora diretora e coproprietária da Luís Duarte Vinhos trouxe ao Dão Primores a experiência de vários anos no setor do vinho, sobretudo na ligação com o exterior. “As exportações estão a aumentar e importa assegurar que temos capacidade para responder a essa demanda”, afirmou Dora Simões que traçou uma caracterização genérica das gerações consumidoras de vinho.
“A geração anterior à minha, os Baby Boomers, eram consumidores frequentes de vinho. Por razões etárias e de saúde estão a diminuir consideravelmente. A minha geração, a X, bebe menos vinho por hábito, talvez por ter encontrado outras ofertas, como as cervejas artesanais, os gins, etc.. Depois, os Millennials também não estão a beber como os Baby Boomers, pela mesma razão que a geração X. Ou seja, globalmente temos um decréscimo por pessoa mas temos mais pessoas a beber, o que é bom para os produtores de vinho”, concluiu Dora Simões.
A agora produtora referiu que o consumidor mundial espera encontrar nos rótulos uma explicação sobre os métodos de vinificação ou da origem – se é de talha, por exemplo, ou de vinhas velhas –, mais do que a descrição dos aromas ou as notas de prova.
Por fim, Dora Simões trouxe ainda ao Dão Primores algumas tendências recentes do vinho. “Estão a ser traçados novos caminhos a que devemos prestar atenção, sem preconceitos. Os vinhos com infusões e até com canábis são soluções válidas para novos públicos”, afirmou.
O Dão Primores serviu ainda para integrar quatro novos produtores na Rota Vinhos do Dão. A Quinta da Espinhosa, a Quinta dos Monteirinhos, a Quinta Vale do Cesto e a Soito Wines são os mais recentes membros que assinaram o protocolo.