ACIBEV contesta alarmismo sobre o consumo de vinho

Notícias “publicadas no último mês” associam o consumo de vinho, mesmo que moderado, a vários tipos de cancro

Fotografia: Arquivo
Redação

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A Associação de Vinhos e Espirituosas de Portugal (ACIBEV) contestou recentemente notícias que “associam o consumo de vinho a vários tipos de cancro e que referem que, mesmo níveis de consumo moderado de vinho, aumentam significativamente o risco de vir a desenvolver cancro”.

De acordo com a associação, vários estudos científicos demonstram a existência de uma “curva em J” entre o consumo leve a moderado de álcool e o risco geral de cancro, indicando que consumidores moderados apresentam um risco 9% inferior de desenvolver a doença em comparação com abstémios. Apenas o consumo excessivo está associado a um aumento do risco.

A ACIBEV sublinha que muitos dos artigos publicados “ignoram os diferentes padrões de consumo e a diferença entre risco absoluto e risco relativo, induzindo o consumidor em erro”. Enquanto o risco relativo compara grupos de consumidores e não consumidores, o risco absoluto mede a probabilidade real de ocorrência da doença. Segundo a associação, ao focarem apenas o risco relativo, estas notícias podem transmitir uma perceção exagerada do perigo.

A organização recorda ainda que o cancro é uma doença multifatorial, influenciada por diferentes fatores de risco, e que “todos os cancros que têm sido associados ao álcool, também ocorrem em quem nunca consumiu uma bebida alcoólica”. Refere igualmente que Portugal, apesar de ser um dos países com maior consumo per capita de vinho, não apresenta uma incidência superior de cancro em comparação com outros países, incluindo aqueles onde o consumo de álcool é reduzido ou proibido.

“Embora as evidências científicas mostrem que o consumo excessivo de bebidas alcoólicas aumenta o risco de cancro, inúmeros estudos também mostram que beber vinho com moderação, a acompanhar uma refeição, é compatível com um estilo de vida saudável. Aliás, a própria Organização Mundial de Saúde reconhece a Dieta Mediterrânica, que inclui o consumo moderado de vinho, como um dos padrões alimentares mais saudáveis do mundo, associando-a diretamente a uma menor taxa de mortalidade, devido aos seus efeitos na prevenção de doenças crónicas. O consumo responsável e moderado é a chave. O setor vitivinícola português, através do programa Wine in Moderation, promove uma cultura de moderação e de consumo consciente de vinho”, afirma Ana Isabel Alves, diretora executiva da ACIBEV.

A ACIBEV conclui que o vinho deve ser entendido como um “património cultural e social”, cujo consumo deve ser feito com “moderação, equilíbrio e respeito”.