"Há que dar um foco especial às castas que verdadeiramente fazem a diferença". A completar o quarto mandato na liderança da Comissão Vitivinícola da Bairrada (CVB), Pedro Soares quer colocar a região a decidir quais as variedades que devem ser usadas na elaboração de espumantes da região. "Precisamos tomar decisões se quisermos valorizar o espumante. Das 28 castas que estão autorizadas, menos de metade são usadas", observa o presidente da CVB.
Até ao final deste ano, Pedro Soares pretende colocar os operadores económicos bairradinos a debater e a chegar a um consenso sobre o tema. O responsável recorda ainda que na Estação Vitivinícola da Bairrada decorrem ensaios com 25 variedades, para entender o potencial de espumantização que possuem. Mas, por entre a dúzia de variedades sobre as quais a região deverá apostar, advoga algumas que lhe parecem óbvias: "Nas brancas, Arinto, Bical, Cercial e Maria Gomes; nas tintas, Baga e Touriga Nacional; e, nas internacionais, não nos podemos esquecer que o Chardonnay e o Pinot Noir estão por cá há 130 anos", refere à Revista de Vinhos.
Numa média anual total de 20 milhões de litros de vinho, a Bairrada certifica sete milhões de garrafas, metade das quais são espumantes. O preço médio por litro de vinho a granel é de 0,80€ e o preço médio por garrafa de vinho certificado ronda os 4,00€. A categoria de espumantes Baga Bairrada já representa 350.000 garrafas/ano. Por entre 6.500 hectares de vinha no total, 65% é uva tinta, especial da casta Baga (2.200 hectares). Estão registados 132 agentes económicos no ativo e a Bairrada representa 2,3% do total de vendas de vinho português em Portugal. A exportação cifra-se em 22%.
À frente dos destinos da CVB desde 2012, Pedro Soares mostra-se disponível para cumprir um quinto mandato, vincando a preocupação pelo aumento de vinhos certificados e uma aposta mais incisiva de todos na qualidade.