Comboio Presidencial regressa aos trilhos em 2024

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Redação

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Projeto tripartido entre CP, Museu Nacional Ferroviário e Chakall aposta na gastronomia regional.

 

O Comboio Presidencial regressa ao Douro a partir de março de 2024. Desta feita, o projeto resulta de uma parceira entre a CP, o Museu Nacional Ferroviário e o mediático chefe Chakall. A experiência, cujo valor ascende a 750,00€, envolve, para além da viagem no Comboio Real, datado de 1890 e que teve como função oficial o transporte dos chefes de Estado, um menu especial desenhado pelo chefe argentino, há décadas radicado no nosso país.
O objetivo é o de envolver um maior número de quintas da região, no caso dez, bem como divulgar o receituário gastronómico regional. Daí que o prato principal será desenvolvido por um cozinheiro ou de uma cozinheira que “não tem o reconhecimento que merece”, disse Chakall na apresentação do projeto.
Em declarações à Revista de Vinhos, o chefe referiu que a intenção passa por criar uma “experiência imersiva”, na qual o público poderá contactar de perto com a gastronomia típica, não só da região, mas de todo o país, com produtos como enchidos e queijos de várias regiões, pães artesanais e todo o tipo de receituário. Os vinhos, esses, serão do Douro, incluindo Vinhos do Porto, e no decurso do trajeto, que arrancará do Porto – S. Bento pelas 10h30 e regressará às 20h00 depois de chegar ao Pocinho, haverá lugar para visitar pelo menos uma quinta do Douro.
Também durante a viagem, terão lugar diversos momentos musicais e outros apontamentos com atores, que pretendem fazer “um regresso ao passado e contribuir para a experiência imersiva”.

Dez viagens e 72 lugares
 
Recorde-se que o projeto turístico envolvendo o comboio presidencial, cujo último serviço oficial remonta aos anos 70 do século XX, foi dinamizado pelo empresário Gonçalo Castel-Branco, com o projeto The Presidential, sendo que a última viagem foi efetuada em outubro de 2022. Com efeito, a empresa LOHAD emitiu um comunicado a esclarecer que “não tem qualquer participação no formato lançado pela CP, FMNP e Chakall, que vem utilizar, de forma não autorizada, o património intelectual da empresa e o reconhecimento mundial do projeto, causando-lhe danos reputacionais elevados”, ao “apresentar, intencionalmente, confundibilidade estratégica com o projeto desenvolvido durante anos pela LOHAD”. Além disso, assegura que “este assunto estará entregue às instâncias judiciais competentes, nacionais e europeias, para que seja dirimido em sede própria”. A Revista de Vinhos tentou chegar à fala com o empresário, sem sucesso.
Em resposta enviada por escrito às questões colocadas pela Revista de Vinhos, a CP destaca que “a ideia de comboios que proporcionam experiências gastronómicas não é nova nem exclusiva. Tais produtos existem em vários países de todo o mundo e são uma parte estabelecida da oferta turística de várias operadoras ferroviárias, incluindo cerca de uma dezena de exemplos em Espanha. A decisão da CP de explorar este mercado é uma iniciativa independente, fundamentada na nossa história ferroviária e na capacidade de criar um produto que honra tanto a nossa identidade como os compromissos com todos os envolvidos”.
Não obstante, acrescenta, “a CP sempre se pautou pela inovação nos seus produtos e serviços, orgulhando-se de nunca ter comprometido ou usurpado o património intelectual de terceiros. A criação e reformulação dos nossos produtos históricos e turísticos, incluindo a recente introdução de novos produtos, são um reflexo desse compromisso com a originalidade e a integridade”.
E refere que “o Comboio Presidencial é uma valiosa peça de museu, composta por carruagens centenárias, originalmente propriedade da CP”. Este “património histórico de 1890”, que “foi cuidadosamente restaurado nas oficinas” da empresa, “é uma testemunha viva dos 167 anos de inovação e história da CP, e pode ser visitado na maior parte do ano no Museu Nacional Ferroviário”.
A CP escusou-se a revelar o montante do investimento total, frisando que o projeto resulta de uma parceria entre a empresa de caminhos de ferro, a FMNP e o chefe Chakall, sendo que a receita será distribuída em função da participação de cada um dos três neste projeto. Mais adiantou que, para assegurar rentabilidade, terá que apresentar “lotação próxima dos 70%”, num comboio com 72 lugares. Está previsto que sejam realizadas 10 viagens desta edição do Comboio Presidencial.