Conceito inovador chega a Portugal

Fotografia: Fotos D.R.
Redação

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A história é recente, mas meteórica. Morten Toft Bech, um empreendedor dinamarquês, quis desenvolver um substituto de carne animal, usando ervilhas, arroz e outras proteínas vegetais, cuja textura e sabor fossem verdadeiramente convincentes. Morten e a sua família estavam empenhados em mudar o seu estilo de vida, contribuindo para uma solução ambientalmente sustentável. O projeto começou com o picado (similar em aspeto à “carne picada”), alargando-se aos hambúrgueres, nuggets, salsichas, almôndegas ou mesmo bifes panados. Na verdade, Morten não é anti-carne ou pró-vegan. Tem como objetivo reduzir o consumo mundial de carne em 50 por cento, sendo que os seus produtos usam 90 por cento menos terra e 70 a 80 por cento menos água, contribuindo, assim, para a biodiversidade. 
 

De uma ideia quase utópica, conseguiu em dois anos ter o produto final para entrar no Reino Unido, através da cadeia de retalho Sainsbury’s. A partir daí o crescimento foi exponencial. Hoje vende em 24 países, tem sede na Holanda e cerca de 100 colaboradores entre Europa, Singapura e EUA. Em outubro de 2020, levantou 25 milhões de euros para alavancar o seu plano de expansão, estando atualmente em curso um plano de angariação de fundos na ordem dos 61 milhões de euros. No início de 2021, a Meatless Farm aposta em Portugal, onde já comercializa em plataformas como a Easygreen (www.easygreen.pt) e brevemente no Recheio MasterChef (Caterplus), apoiando-os na diversificação da sua oferta.
 
No mercado nacional, a marca pretende uma rápida expansão através da grande distribuição, apostando nos valores da sustentabilidade e equilíbrio do meio ambiente. Para a Meatless Farm esta não é uma tendência. É um movimento, que transforma a empresa numa das mais interessantes e relevantes da década neste setor e líder na dinamização da nova economia alimentar mundial. Os produtos Meatless Farm permitem uma dieta equilibrada, nutricionalmente rica, forte em fibra e com baixo teor de colesterol, açúcar, sal e gorduras saturadas.
 
Para Morten Toft Bech, “este é um caminho irreversível, porque o mundo não pode continuar a insistir em hábitos de consumo que o destroem”. E acrescenta: “Não precisamos de ser fundamentalistas para inverter o nosso caminho. Precisamos de dar os passos certos e responsáveis na forma como consumimos e produzimos aquilo que comemos. O trajeto da Meatless Farm é o início de uma caminhada e de uma mudança de comportamento que queremos fazer também em conjunto com os consumidores portugueses. Sabemos que a gastronomia é rica e acreditamos que pode ser conciliada com produtos ambientalmente responsáveis. Queremos fazer parte deste ponto de viragem em Portugal”.
 
A Meatless Farm quer, com pequenos passos, ajudar a uma maior sensibilização dos portugueses para a necessidade de reduzirem o consumo de carne. Em Portugal, os produtos de origem animal continuam a ter um peso considerável na alimentação. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, cada habitante do território nacional consumiu, em 2019, 119 kg de carne. 
 
Contudo, os portugueses começam a demonstrar abertura para mudança de hábitos alimentares, quer por questões de saúde, quer por uma maior predisposição para a preocupação ambiental. De acordo com os dados do II Grande Inquérito sobre Sustentabilidade em Portugal, desenvolvido por investigadores do Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa, e publicado em 2019, mais de metade (50,6%) dos inquiridos estão dispostos a reduzir o consumo de carne e a apostar numa alimentação de base vegetal (45,1%).