Estrelas de Portugal: João Pedro Coelho

Portugueses que se destacam no vinho e na gastronomia e que o fazem fora de Portugal.

Fotografia: Fotos D.R.
Luís Alves

Luís Alves

Nascido e criado em Ponte de Lima, João Pedro Coelho tem tido uma verdadeira carreira-foguetão. Com 22 anos apenas, já trabalhou em pelo menos três países e venceu um dos mais importantes prémios de gastronomia, o Joseph Favre. Atualmente, trabalha em Lausana, na Suíça, um restaurante estrelado por três vezes pelo conhecido guia Michelin e considerado um dos melhores do mundo. Imagina-se a regressar a Portugal para elevar ainda mais a gastronomia lusa mas para já coloca todas as fichas numa carreira internacional ao mais alto nível.

 

 

Como descreve a sua infância em Ponte de Lima?
Sempre fui uma criança bastante divertida e a minha infância é sinónimo disso mesmo. Considero que fui um miúdo muito curioso, com objetivos bem delineados que me ajudaram a crescer. Fiz teatro, futebol, atletismo mas foi pela cozinha que verdadeiramente me apaixonei. Apesar do meu pai cozinhar muito bem foi com a minha mãe que passei boa parte do tempo entre tachos com um maravilhoso cheiro que tudo perfumava. Acabo de alguma forma por me encaminhar para o mundo culinário.

Tem formação na área da restauração? Como foi o seu percurso escolar/académico?
Nunca fui propriamente um apaixonado pela escola, confesso. Por isso, quando tinha 14 anos, decido ingressar num curso de cozinha da Escola Profissional de Ponte de Lima que me possibilita a entrada num mundo de trabalho mais prático. Consigo mais tarde o meu diploma, aos dezassete anos, conseguindo depois tornar-me cozinheiro profissional.

Venceu recentemente o prémio Joseph Favre, com um colega. Como conseguiu esse feito?
Qualquer concurso exige muitíssimo trabalho e dedicação. São horas de treino. Mas só assim conseguimos os nossos objetivos.

Como foi a competição? Consistiu em quê?
Foi bastante enriquecedora porque nos obrigou a sair da nossa zona de conforto e a criar algo novo e inovador. É uma competição que tem por base a utilização de produtos da região do Valais, na Suíça, que são de uso obrigatório na competição para todos os participantes. Depois, cada um apresenta a sua interpretação. Durante cinco horas de concurso é-nos exigida a apresentação de uma entrada, prato principal e sobremesa, para um grupo de doze pessoas. Nós apresentamos peixe do lago Leman, borrego com abóbora e pera com aguardente. Cada concorrente é avaliado pelo trabalho na cozinha, sabor e criatividade.

Tem 22 anos mas já uma experiência muito considerável, em mais do que um país. Suíça, Budapeste, Chaves. Faça-nos um resumo desse percurso.
Com quinze anos entrei pela primeira vez numa cozinha a sério, no restaurante Antiqvvm, no Porto, com o chefe Vitor Matos. Mas como sempre gostei de pensar além-fronteiras, com 17 anos sigo para Budapeste, para o restaurante Costes Downtown para concluir o meu segundo estágio profissional. Regresso a Portugal já como cozinheiro profissional e ingresso na equipa do hotel Vidago Palace onde passei os meus dois anos seguintes. Depois, vou para a Suíça, para integrar a equipa de um dos melhores restaurantes do mundo, o “Le Restaurant” de L’Hotel de Ville de Crissier, onde atualmente exerço funções.

Como tem sido gerir a carreira e a vida profissional, com a família em Portugal?
É sempre difícil ter os nossos longe de nós. Mas o crescimento profissional a isso obriga. Tenho a meu lado, ainda assim, uma mulher que constantemente me apoia e me ajuda nesta evolução.

Qual é o seu estilo de cozinha?
Gosto de trabalhar o produto de forma criativa, respeitando sempre o sabor e a técnica. São os principais objetivos em tudo o que preparo.

Qual é o cargo especificamente que ocupa no local onde agora trabalha, o Le Restaurant de l’ Hôtel de Ville de Crissier?
Sou chefe de Partie, sendo responsável por uma das diferentes secções da cozinha.

Que pratos destaca no restaurante? E a carta de vinhos? Tem vinhos portugueses?
Destaco todos, tudo o que propomos é trabalhado e pensado de forma única e inigualável. No restaurante temos uma muito vasta carta de vinhos, com três referências portuguesas.

Imagina um regresso a Portugal? Para quando? Com algum objetivo específico?
Portugal está sempre no meu coração. Espero um dia voltar para ajudar a elevar ainda mais o nome da gastronomia portuguesa e deixar a minha marca no meu país.

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Le Restaurant de l’Hôtel de Ville de Crissier em números
1000 vinhos na carta
35 mil garrafas na cave
60 funcionários