Canárias proíbem movimentação de uvas e material vegetativo entre ilhas após detetar foco em Tenerife.
Quando todos pensavam que a praga estaria adormecida, controlada ou até erradicada, eis que o inseto Phylloxera vastatrix, agora conhecido como Daktulosphaira vitifoliae, deu sinal de vida nas ilhas Canárias. O arquipélago era considerado território historicamente livre deste vetor da doença da filoxera que tanto dano causou à viticultura europeia no final do século XIX.
Protegida pela condição insular e pelos solos vulcânicos, era um dos últimos redutos da viticultura pré-filoxérica, em pé franco, sem porta-enxertos.
Com efeito, é referido o ano de 1878 como o da entrada da praga em Espanha, por três vias: Málaga, Girona e a fronteira com Portugal, perto do rio Douro, ficando o arquipélago das Canárias livres da praga – até hoje.
No final de julho, o primeiro surto de filoxera da vinha foi detetado num jardim privado e em terrenos parcialmente abandonados nas proximidades, em Valle de Guerra, no município de La Laguna, Tenerife.
Entre as medidas implementadas pelo Governo das Canárias está a proibição, por tempo indeterminado, da circulação de uvas e material vegetativo desta cultura, sob qualquer forma, tanto entre as diferentes ilhas, como entre as diferentes DO de Tenerife (Abona, Tacoronte-Acentejo, La Orotava, Valle de Güimar e Ycoden-Daute-Isora), o que afetará a vindima da ilha, que ainda não arrancou.
A proibição inclui o trânsito de plantas, estacas, sarmentos, porta-enxertos, bem como equipamentos, máquinas, caixas, ou solos, entre as diferentes ilhas do arquipélago e entre diferentes áreas da mesma ilha.
A circulação de uvas entre diferentes áreas geográficas e Denominações de Origem em Tenerife também é proibida e estará sujeita à autorização do Governo Regional, após a emissão de um guia de circulação pela autoridade competente. Além disso, a ordem estabelece, entre outras medidas, a aplicação de tratamentos de erradicação e controlo nas áreas assinaladas, bem como a notificação aos serviços competentes em caso de deteção de sintomas ou da presença deste organismo.
Além da aplicação de tratamentos fitossanitários adequados, as medidas aplicadas incluem controlo de infestantes, bem como a destruição no local do material vegetal afetado. Da mesma forma, a plantação de novas vinhas em áreas infetadas é proibida por um período mínimo de 12 meses.
A ordem para controlar o surto de filoxera inclui procedimentos para prevenir a propagação, estabelecendo uma zona delimitada de 500 metros ao redor de cada planta afetada, bem como um raio adicional de 1 km para o levantamento de todas as videiras.
Até 20 de agosto, foram realizados um total de 697 levantamentos; daqui resultou a identificação de 667 plantas livres deste organismo, em comparação com 30 onde a presença foi detectada, a maioria delas em terras abandonadas. Apenas duas plantas afetadas foram encontradas numa propriedade produtora. Atualmente, existem três áreas de atuação definidas nos municípios de San Cristóbal de La Laguna, Tacoronte e La Matanza, embora também tenham sido realizadas análises em Tegueste, El Sauzal, La Victoria e Santa Úrsula, onde não foi detectada filoxera.
Nas últimas semanas, os trabalhos de prospeção foram particularmente intensificados em Valle de Guerra (La Laguna) e Tacoronte, onde serão vistoriadas todas as plantas, visto que esta é a área onde se registou a maior parte dos casos positivos até ao momento.
Neste sentido, o Ministério da Agricultura do Governo das Ilhas Canárias, através do GRAFCAN, publicou um mapa de livre acesso que mostra, em tempo real, as áreas de intervenção para o controlo e erradicação da filoxera da videira nas ilhas. Na imagem acima, os pontos vermelhos indicam os focos de tratamento e erradicação, ao passo que os pontos verdes assinalam os locais onde as vistorias não detetaram presença do inseto ou da doença.