Symington Family Estates assume que estratégia é, para já, não mexer nos preços de venda à distribuição e absorver 100% das tarifas.
A incerteza quanto à aplicação de tarifas para o mercado norte-americano tem paralisado as vendas de vinhos portugueses para aquele país.
Depois de um encontro entre 16 associações setoriais com o ministro da Economia e o ministro da Agricultura e Pescas, que teve por pano de fundo as tarifas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Paulo Amorim, responsável da Associação Nacional dos Comerciantes e Exportadores de Vinhos e Bebidas Espirituosas (ANCEVE), afirmou que “a cadeia de distribuição nos Estados Unidos parou as encomendas de vinhos portugueses e da Europa”, pelo que o setor “enfrenta um problema terrível e não está a conseguir vender”. Na sua perspetiva, a entrada em vigor destas tarifas de 20%, por ora suspensas, levará que a “maior parte do prejuízo seja assumido pelos produtores de vinho”.
O mesmo referiu Rupert Symington, CEO da Symington Family Estates, à Revista de Vinhos: “A minha política de preços é não mexer nos preços de venda à distribuição”, ou seja, “partilhar as tarifas entre [a Symington] e o nosso importador. Vamos absorver para já 100% das tarifas”, disse.
“Passei a última semana a tentar falar com quatro ou cinco clientes de lá sobre a nossa política de preços. O problema é ter feito as contas na base de 20% e depois ligo a televisão e já não são 20%, são 10%. Se querem tributar-nos a 20%, o que fazem? Não é dizer um dia que são 20% e no dia seguinte dizem 'agora são 10% para 90 dias e depois vamos ver'. É impossível fazer planos”, considera.
Rupert Symington afirma que terá dificuldades no seu objetivo premente, que é “defender o meu mercado mais rentável. O consumidor já perdeu muito dinheiro na bolsa. Se calhar não vai comprar o mesmo número de garrafas de vinho que comprava o ano passado”, conclui. “Mas, mesmo assim, a minha política com as tarifas é tentar absorver enquanto podemos. Vai custar muito dinheiro à nossa sociedade”.