Ministra admite revisão do benefício

Fotografia: Arquivo
Marc Barros

Marc Barros

Maria do Céu Antunes assume modelo ajustado para Douro e Vinho do Porto.

 

A Ministra da Agricultura, Maria de Céu Antunes, reconheceu a necessidade de rever o chamado sistema de ‘benefício’ para a fixação do quantitativo de produção de Vinho do Porto e consequente definição de preços pagos aos produtores e viticultores.

Falando à margem da cerimónia de abertura da 21ª edição da Vindouro - Festa Pombalina, que decorre até domingo em S. João da Pesqueira, e em resposta ao repto deixado pelo presidente da autarquia, Manuel Cordeiro, para a constituição de um grupo de trabalho liderado por uma personalidade “isenta”, de “reconhecido valor”, capaz de estudar os problemas e dificuldades do setor, Maria do Céu Antunes disse à Revista de Vinhos que “é preciso atualizar a forma como o Douro” e, mais especificamente, o setor do “Vinho do Porto”, está “organizado”, seja do ponto de vista “social e económico”, mas também “ambiental”.

Assim, e quanto ao ‘benefício’, Maria de Céu Antunes assume a necessidade de “ajustar este modelo às necessidades de toda a cadeia”, desde “a produção da uva até à comercialização”. Isto porque, prosseguiu, “sentimos que há um grande potencial de crescimento da região do ponto de vista da produção e, por um lado, estamos a crescer nos vinhos com denominação de origem, mas há um retrocesso na comercialização do Vinho do Porto”. Recorde-se que, nos primeiros cinco meses do ano, as vendas de Vinho do Porto caíram cerca de 9% e o volume de negócios decaiu 8,8%. Já o preço médio conheceu uma ligeira subida, de 0,3%.

Todo “este trabalho tem que ser feito para preparar e dar resposta ao que o mercado exige” e visa delinear “como essa resposta se materializa”, afirmou a Ministra da Agricultura. “Não pode ser um modelo do Ministério da Agricultura apenas, terá que envolver outras organizações e instituições, para podermos ter um modelo que dê uma resposta cabal a estes problemas”.

A responsável governativa não deixou de fora os desafios colocados pelas alterações climáticas, elencando no seu discurso preocupações quanto aos efeitos do aumento da “temperatura média de 2ºC até 2040”, nomeadamente o facto de a vinha, que “era tradicionalmente de sequeiro”, deixará de o ser no futuro, bem como o surgimento de “mais pragas e doenças”.

Por sua vez, o autarca de S. João da Pesqueira, Manuel Cordeiro, aproveitou a ocasião para dar conta das várias dificuldades que a região e o seu concelho atravessam, desde logo preocupações relacionadas com a sobreprodução, mas também a comunicação e o dispêndio das taxas de certificação pagas pelos operadores ao IVDP. À Revista de Vinhos, referiu que “80% da população vive da vinha e do vinho e passa por dificuldades, mas há muito tempo que se fazem discursos redondos” e, “desta vez, decidi ir um pouco mais longe”. A sua “mensagem de otimismo” e “união”, como afirmou, pretende “convocar todos os operadores”, mas “os políticos também têm o seu papel”, concluiu.