Portugueses preferem mais qualidade

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Manuel Moreira

Manuel Moreira

Os consumidores de vinho em Portugal aceitam pagar preços mais altos por uma garrafa de vinho, de acordo com último relatório da Wine Intelligence Portugal Wine Landscapes 2020, revelado em Março último.

 

O relatório revelado este mês mostra que os portugueses que bebem vinho pelo menos uma vez por mês aceitam pagar preços mais elevados por uma garrafa de vinho tranquilo e mostram-se mais bem relacionados com os vinhos do segmento Premium. Segundo este estudo, o preço médio nas várias ocasiões de consumo de vinho em contexto “off-trade” aumentou substancialmente desde 2017, em especial “com uma refeição informal em "casa” ou “em jantar mais formal em casa”.  Adianta ainda que existe maior confiança na perceção de que um custo mais elevado na compra corresponderá a um vinho de qualidade superior.

Esta disposição de gastar mais é consistente com o crescendo de interesse na categoria, simultaneamente um desejo de experimentar vinhos novos e diferentes a um ritmo mais regular. O estudo agora revelado apresenta dados que demonstram que cada vez mais consumidores de vinho estão interessados em envolver-se, em relacionar-se com o vinho, por oposição aos que consomem de forma mais indiferenciada, que estão em queda.

Esta curiosidade crescente é confirmada pelo trade, que associa esta tendência a ações promocionais focadas no consumidor, como sejam as provas, os festivais de vinho, o investimento em espaços de restauração pelos produtores e as lojas especializadas. Também é considerado o facto de o crescendo do turismo - 12,8 milhões de visitantes em 2018 - ter contribuído no incremento do preço de aquisição, e que teve no enoturismo um dos grandes beneficiários. 

Tal como acontece noutros mercados, o aumento de compra a preço mais elevado tem como consequência um decréscimo da frequência de compra, sendo este previsível decréscimo contrabalançado pelo crescendo de turismo. O responsável do mercado português na Wine Intelligence, Luis Osório refere que “estes dados mostram uma imagem encorajadora da indústria vitivinícola portuguesa”, sublinhando que “os produtores devem estar conscientes das alterações em relação ao comportamento do consumidor, que sendo mais ocasional é mais consciente na sua relação com o vinho.”