Produtores ibéricos unem-se nas Arribas do Douro

 
José João Santos

José João Santos

Foi formalmente constituída em 19 de fevereiro e será publicamente lançada no dia 15 de junho. Chama-se Arribaes e reúne neste arranque quatro produtores de vinho que vão procurar em conjunto a promoção da zona transfronteiriça Arribas do Douro / Arribes del Duero.

Arribas Wine Company e Picotes Wines, do lado português; Bodega Frontio e El Hato y El Garabato, do lado espanhol, são os precursores do projeto que promete receber de braços abertos outros aderentes. Estima-se que haja na atualidade perto de uma dezena de produtores deste lado da fronteira, estando contabilizados 18 ativos na Denominação de Origem (D.O.) Arribes.

Aliás, essa é uma das pretensões portuguesas. 

Ao que a Revista de Vinhos apurou, alguns produtores das Arribas do Douro estão a tentar um caminho de sensibilização junto da Comissão Vitivinícola Regional de Trás-os-Montes (CVRTM) para ser criada uma D.O. Arribas do Douro, tal como acontece do outro lado da fronteira (a Junta de Castilla y Léon aprovou a criação e regulamento da denominação Arribes del Duero no verão e 2007) ou mesmo em regiões de vinhos como Lisboa (que possui nove D.O.).

“É uma situação ainda bastante embrionária, que estamos a analisar e a acompanhar”, refere à Revista de Vinhos o presidente da CVRTM, Francisco Pavão. “Atualmente, as Arribas pertencem à subregião do Planalto Mirandês, integrante da D.O. Trás-os-Montes”, relembra.

O cenário da criação de uma nova sub-região, em detrimento de uma D.O., não é de todo recusada pelo presidente da CVRTM. “Teremos que analisar a situação e chegar a um consenso”, insiste. 

Enquanto isso, alguns dos novos produtores das Arribas do Douro têm optado por engarrafar os vinhos através do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), estando em curso o processo de inscrição na CVRTM da Arribas Wine Company (“Produtor Revelação do Ano 2020” pela Revista de Vinhos) e dos Picotes Wines.

No caso concreto da Arribaes, os promotores do projeto partilham desde já os “cinco princípios-chave: agricultura sustentável, variedades tradicionais, vindima manual, vinhos sem maquilhagem, sulfuroso como único produto autorizado na produção”. 

Potenciar recursos e dinamizar em termos de enoturismo a zona das Arribas estão igualmente nos planos de médio prazo.