Tejo altera legislação do Leve e insiste na desalcoolização

José João Santos

José João Santos

Luís de Castro, presidente da CVR Tejo, justifica alterações e proposta junto do IVV com as tendências internacionais de consumo.

As regiões do Tejo e de Lisboa são as únicas, em Portugal, com legislação específica que permite a vinificação e certificação do chamado Vinho Leve. Porém, o Leve de Lisboa pode ir até mínimos de 7,5% de teor alcoólico, enquanto o do Tejo apenas poderia baixar até aos 9,5%. Pois bem, o Tejo conseguiu alteração legislativa, com portaria transposta em Diário da República ( https://diariodarepublica.pt/dr/detalhe/aviso/19336-2025-927366449), que permite agora quee o Leve baixe até aos 7,5%. Os mínimos para vinhos tintos, rosados e brancos certificados como IG Tejo são de 10,5% de álcool.

A Comissão Vitivinícola Regional do Tejo (CVRT) solicitou mais alterações. Luís de Castro, presidente do organismo desde 2014, insistiu junto do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) para que a CVR possa passar a fiscalizar e a certificar como IG Tejo vinho parcialmente desalcoolizado, com mínimos de 0,5% de teor alcoólico, o que também ficou vertido para o decreto-lei.

"Nós pensamos sobretudo com a cabeça no mercado externo. Vemos o aumento da carga fiscal em vinhos com mais álcool e, por contraponto, uma baixa nos vinhos de menor teor. E vemos ainda o aumento do consumo de vinho branco e de produtos de quase nenhum teor alcoólico, alguns já com alguma qualidade, conforme temos tido oportunidade de verificar durante as várias incursões internacionais que realizamos", explica Luís de Castro à Revista de Vinhos.

Atenta à tendência internacional que está a privilegiar o consumo de vinhos brancos e de vinhos de baixo ou quase nenhum álcool, a CVRT alerta para a necessidade de maior fiscalização e autonomia das Comissões Vitivinícolas, defendendo que sejam estas estruturas a certificar esses produtos. 

A CVRT certifica anualmente 30 milhões de litros de vinho, o que equivale a metade da totalidade de vinho produzido na região. O mercado português representa 60% das vendas, mas a exportação tem aumentado, com Polónia, Suécia e França a estarem no pódio dos países importadores. Até final de julho, as vendas apresentavam uma quebra de -6,5% face a período homólogo de 2024, com o mercado interno a ser o principal responsável pelo decréscimo.