Trás-os-Montes: granizo afeta olival, vinha e amendoal

Os estragos ainda estão a ser contabilizados

 
Luís Alves

Luís Alves

Os estragos ainda estão a ser contabilizados mas em alguns casos, onde a queda de granizo foi mais forte, o ano agrícola e as colheitas podem estar mesmo perdidas.

 

Por manchas, como sempre acontece, o granizo do sábado passado deixou um rasto de destruição entre Macedo de Cavaleiros e Valpaços. Este último concelho foi especialmente afetado num período de queda intensa de granizo que não terá durado mais de 30 minutos. As imagens e os vídeos que foram sendo veiculados mostram pedras de granizo do tamanho de ovos que destruíram, em alguns casos, a produção que iria ser colhida e também a possibilidade de uma colheita regular no próximo ano.
“Onde o granizo caiu, os prejuízos são bastante avultados”, relata à Revista de Vinhos Francisco Pavão, presidente da Comissão Vitivinícola Regional (CVR) de Trás-os-Montes. “No concelho de Valpaços, no caso da produção vitícola, foram sobretudo pequenos produtores que vendem as suas uvas à cooperativa local”, explica.


O número total de hectares afetados ainda não foi apurado mas as equipas estão no terreno, numa articulação entre a CVR, o Ministério da Agricultura e os municípios dos concelhos que sofreram os impactos deste fenómeno climático. “Logo no sábado, dia 2, contactamos o Ministério para dar início aos procedimentos habituais”, conta Francisco Pavão.


Os olivais foram mais afetados do que as vinhas e também os amendoais sofreram impactos, para além das hortas familiares. A recomendação dos técnicos aos agricultores vai no sentido de aplicar cálcio, um micronutriente que ajuda, de alguma forma, a mitigar os prejuízos, sem naturalmente os reverter.


Valle Pradinhos com perdas significativas


Em Macedo de Cavaleiros, o produtor Valle Pradinhos já tinha vindimado os brancos e isso permitiu que não tivesse prejuízos tão avultados. Ainda assim, as perdas são consideráveis. “O granizo apanhou-nos a meio da vindima dos rosés. Os tintos, nas castas com mais folha, foram de alguma forma menos castigados porque estavam mais protegidos”, conta Rui Cunha, enólogo do produtor.


Valle Pradinhos tem 40 hectares de vinha e na propriedade antiga a faixa de granizo afetou cerca de 80% da produção. “São estragos especialmente maus porque se as uvas estivessem já maduras conseguiríamos fazer rapidamente a vindima mas a maturação ainda não tinha terminado. Os tintos precisavam ainda de semana e meia a duas semanas”, explica Rui Cunha que lamenta o ano de trabalho que fica em causa.