Vitivinicultura sustentável: Vinhos Verdes apresentam plano

Fotografia: Arquivo
Luís Alves

Luís Alves

“Queremos fazer uma mudança. Queremos uma região que cuide das pessoas e do ambiente”. Foi assim que Manuel Pinheiro, Presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes, começou por apresentar o plano “Defender o Verde que é nosso”, uma estratégia de sustentabilidade para a região.

 

Social, ambiental e economia. Esta é a tríade de um projeto a longo prazo que tem como objetivo promover boas práticas para todos os agentes da região. A Comissão está neste projeto apoiada tecnicamente pela AgroGes – Sociedade de Estudos e Projetos, empresa responsável por ajudar a implementar um projeto efetivo de boas práticas e melhoria das atuais.


“Sentimos a necessidade de começar a trabalhar de forma mais organizada e ambiciosa, sobretudo. Tal como os nossos colegas do Alentejo (CVR Alentejana), que lançaram um projeto ambiental há já algum tempo, queremos ser uma região que cuida do ambiente e das pessoas”, afirmou Manuel Pinheiro, referindo-se ao Plano de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo.


O projeto dos Vinhos Verdes tem coordenação de Rui Madeira Pinto, vogal da CVRVV, que reconhece a necessidade de “valorizar a uva e o vinho, para cumprir metas ambientais”. “É um convite que fazemos a todos os agentes económicos da região. É um projeto que envolve todos e que acrescenta valor. Vai ser um caminho longo e duro mas vamos ser capazes de responder afirmativamente”, assegura o coordenador que adianta que será enviada uma “check list” aos produtores para começarem a mostrar que cumprem devidamente os requisitos e as boas práticas.


De um ponto de vista agrícola, “muitas das práticas estão já inscritas nos tipos de agricultura biológica e biodinâmica”, afirma Rui Madeira Pinto. Enrelvamento dos solos, vinhas corretamente instaladas, certificações global GAP, gestão do uso da água, entre outros.
A AgroGes, empresa responsável pela implementação, está atualmente na fase de diagnóstico, a que se seguirão as fases de definição de prioridades e opções e as fases de implementação. Maria João Gaspar e Manuela Nina Jorge apresentaram as vantagens da adesão a um projeto como este. “Os vinhos com selo de sustentabilidade trazem muitas vantagens para todos e, desde logo, para as empresas. Falamos de eficiência de recursos, gestão de desperdícios, entre várias outros aspetos que vão sempre desembocar na redução de custos para os agentes económicos”, referiu Manuela Nina Jorge.


Os exemplos externos foram também trazidos para esta sessão pública de apresentação, como os referenciais da Argentina e as certificações de Bordéus ou da Nova Zelândia ou, ainda, a lista de produtos e práticas não permitidas, determinados pela Califórnia. Mas também os exemplos internos foram partilhados: Quinta da Palmirinha, Aphros Wine, Quinta de Santiago, Soalheiro ou Aveleda.


O Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo serve de inspiração e foi trazido pelo seu coordenador, João Barroso. Também Dora Simões, antiga presidente da CVRA e atualmente produtora na Luís Duarte Vinhos, prestou o testemunho nesse âmbito.
A sessão pública de apresentação, feita à distância, teve uma participação abrangente, com cerca de centena e meia de participantes, entre produtores, agentes económicos, entre outros.