Na Mainova, o vinho e enoturismo nasceram lado a lado

As hipóteses são variadas: provas de vinho, picnics, workshops de pão, showcooking e vindima noturna

Fotografia: Fabrice Demoulin
Madalena Vidigal

Madalena Vidigal

"A arte de misturar uvas": é o que dizem as paredes coloridas da adega da Mainova, um dos mais recentes projetos de vinho e enoturismo do Alentejo.

 

Os portões automáticos do Monte Herdade da Fonte Santa abrem-se lentamente para uma alameda de oliveiras que nos leva ao edifício principal da Mainova. A partir daí, a criatividade e noção estética estão, de facto, muito presentes em todos os recantos desta herdade em que a adega é o elemento central. 

A família Monteiro, proprietária, tem um longo percurso no mundo da cerâmica. Quando em 2008 adquiriu este pedaço de terra no Alentejo, a relação com a arte não podia ser esquecida e foi transportada para a criação de um espaço com elegância, design, alguma ousadia e com visão. 

Atualmente, é Bárbara Monteiro – a filha “Mainova” da família – que está à frente deste projeto de vinhos iniciado pelos pais. Bárbara, juntamente com o marido João, mudou-se de Fátima para o Alentejo e tem-se dedicado inteiramente a esta nova vida entre vinhos e azeites. 

A poucos quilómetros da cidade de Évora, mais concretamente no Vimieiro, a Mainova tornou-se um ponto de paragem obrigatório para os amantes de vinho que visitem a região.

São 200 hectares de terra com vinha, olival e sobreiros em solos maioritariamente graníticos e xistosos. Nas vinhas encontra-se, entre outras castas, a Touriga Nacional, Alicante-Bouschet, Verdelho e até mesmo Encruzado e Baga. Estas castas são bem trabalhadas por Sandra Sarria e António Maçanita, os enólogos que transformam as uvas em arte engarrafada.

Também aqui, se dão asas à imaginação e se procura criar “peças de arte” diferentes, ousadas e intrigantes. Das 5 gamas – Mainova, Moinante, Mainada, Milmat e Matremilia – nascem 14 referências de vinho. Destes, existe um Mainada Baga (sim, no meio do Alentejo,) um Mainova Dupla Curtimenta feito a partir de Antão Vaz, Arinto, Verdelho e Encruzado, ou um Matremilia, um vinho 100% Alicante Bouschet feito em homenagem à avó Emilia, inspiração constante na família Mainova.
Na prática agrícola, a sustentabilidade é um cuidado visível. Todas as uvas são de produção biológica, a vindima é feita manualmente e de noite (para preservar o potencial máximo da uva) e os vinhos têm certificação Vegan.

Desde que assumiram a gestão do projecto em 2019, Bárbara e João perceberam que o enoturismo seria essencial para levar a marca o mais longe possível, pelo que tudo foi pensado de raiz para receber visitantes na adega. Vinhos e enoturismo nasceram juntos e têm feito um caminho muito consistente, lado a lado.
Todas as visitas à Mainova incluem uma passagem pelas vinhas, olival e ao alto do monte onde uma majestosa oliveira com mais de 2000 anos se mostra sábia e tranquila.

A partir daqui, as hipóteses são variadas: provas de diferentes categorias de vinho acompanhadas de tábua de queijos e enchidos regionais, picnics à sombra da oliveira antiga, workshops de pão, showcooking com Chefs experientes ou mesmo programa de vindima nocturna (actividade sazonal) são tudo experiências dentro do conceito de turismo da Mainova. 

No andar superior do edifício principal, a sala de eventos tem uma cozinha perfeitamente equipada, muita luz natural e vista para a vinha e olival, tornando-se palco de provas especiais, almoços vínicos e até mesmo aniversários ou outros eventos sociais.

Um detalhe importante em todos estes momentos, é a cerâmica personalizada à marca, para lembrar as origens da família Monteiro assim como a sua ligação ao que é artesanal, português e de qualidade.

Se os vinhos são a estrela da Mainova, o azeite está a ganhar cada vez mais respeito e protagonismo. Atualmente são 2 as referências de azeite que podem ser provadas, de forma técnica e profissional, numa das atividades de enoturismo. 

Não lhe apetece fazer nenhum programa, com reserva e horário fixo? Não deixe de ir à Mainova. Suba ao primeiro andar, peça uma garrafa de vinho e apenas fique na varanda a observar e absorver o verdadeiro Alentejo aos seus pés.
 

Contactos
Monte Herdade da Fonte Santa,  EN 372-1
7040-669 Vimieiro, Arraiolos
E-mail: geral@mainova.pt
Telefone: +351 910 732 526 chamada em rede fixa nacional

Preços
Visita a vinha, olival, adega, prova de vinho e tábua de queijos: a partir de 40€/pessoa
Visita completa com Picnic na oliveira milenar: 75€/pessoa
Almoços vínicos com Chef: a partir de 125€/pessoa

Como chegar:
A Mainova está a cerca de hora e meia de carro de Lisboa. Saia da cidade atravessando a ponte pela A2 Sul. Mantenha-se nesta autoestrada por 56kms até encontrar a saída para Espanha/A6/Évora. Percorra mais 46km na A6 até à saída 4 em direção a N4 /Estremoz/Arraiolos. Mantenha-se por 40kms nesta estrada até ao Vimieiro onde se encontra a adega.
Do Porto, conte com uma viagem de 3 horas e meia que começa por percorrer a A1 por 120km. Procure a saída 11 para A13em direção a Lousã/Tomar. Siga até à A23 direção Abrantes. Entre na Estrada Nacional e atravesse as localidades de Bemposta, Tramagal e Avis até ao Vimieiro onde encontrará a Mainova.

Oferta:
Passeio pelas vinhas e olival, visita à adega design, picnic na oliveira milenar, provas de azeite, workshop de pão, showcooking, almoços vínicos.

Sugestões extra:

Évora
A adega localiza-se apenas a 30 minutos de carro da futura Capital Europeia da Cultura e atual Património Mundial da Humanidade: Évora. Uma cidade com monumentos nacionais incontornáveis como o Templo Romano, Capela dos Ossos ou Sé. Mas acima de tudo, Évora está a crescer como polo gastronómico onde ao lado de restaurantes mais típicos alentejanos, nascem novos projetos com Chefs jovens e criativos, com vontade de colocar a comida do Alentejo no mapa nacional e internacional.


Tapetes de Arraiolos
Também a cidade de Arraiolos merece uma visita, mas especialmente pelo seu maior símbolo da tradição: os tapetes de Arraiolos. Estes contam histórias em fios coloridos com padrões geométricos e florais. No Centro Interpretativo do Tapete de Arraiolos, aprende-se sobre esta arte ancestral, desvendando segredos e técnicas. Testemunhas vivas da habilidade humana, esses tapetes perpetuam a beleza e a história, enraizadas no tempo e no trabalho meticuloso de gerações.