Bemdita sejas

Fotografia: Ricardo Garrido
Luís Alves

Luís Alves

Vem ao engano quem pensa que o movimento das cervejas artesanais vive e alimenta-se sobretudo nos dois grandes centros urbanos do país. A descentralização cervejeira acontece em Portugal e há algumas provas disso. No Douro (Quinta de La Rosa), no Algarve (Dos Santos Craft Beer) ou nos Açores (Korisca) existem projetos de cerveja capazes de rivalizar com o que de muito competente se faz neste ainda jovem setor. Desde 2018, o Alto Minho juntou-se a este grupo e nasceu a Bemdita. Assentou arraiais quase no centro de Vila Praia de Âncora e é lá mesmo que tem fábrica, num espaço que quem passa por fora imagina ser apenas loja.


Quem nos recebe é Jorge Cerqueira, o ideólogo e mestre cervejeiro da Bemdita que começou nisto por brincadeira, qual história que se repete a cada fábrica de cerveja que a Revista de Vinhos visita. “Como quase todas as marcas de artesanais e quase todos os cervejeiros, comecei nisto por diversão. Comecei a ler, estudar, fazer pesquisas na internet e depois passei à prática. A ‘fábrica’ nasceu em casa e foi lá que produzi as primeiras cervejas que não comercializei”, afirma Jorge. O caminho seguiu-se pela profissionalização do passatempo que passou a trabalho a tempo inteiro. Mas não sem antes ter uma paragem de meio ano por terras brasileiras, onde a cerveja artesanal tem um fôlego grande. “O mundo das cervejas artesanais é complexo, requer estudo, prática e um grande entendimento sobre os processos de fermentação. Por isso, rumei a Santa Catarina, onde estive seis meses na Escola Superior de Cerveja e Malte, a grande referência de aprendizagem sobre a cerveja”, recorda Jorge Cerqueira, que partiu já com o objetivo de criar a Bemdita no regresso a Portugal.

Do modo beta ao jogo real

As primeiras “Bemditas” não chegaram ao mercado e foram produzidas ainda em modo teste, para perceber o potencial de produção. Seguiu-se depois, em 2017, a escolha do espaço da fábrica e algumas obras, a aquisição de equipamentos e o início da produção já em 2018. “Fomos pioneiros no distrito de Viana do Castelo e somos ainda os únicos na região a produzir cerveja artesanal, com uma rede comercial estabelecida”, afirma Jorge Cerqueira, na fábrica onde instalou equipamento topo de gama para atingir o objetivo de ser uma “artesanal a produzir em modo profissional, com todas as etapas do processo feitas dentro de portas, da produção ao engarrafamento, passando pela carbonatação”.
Quem procura a Bemdita poderá encontrar com alguma facilidade pelo Alto Minho, distribuída entre bares, cafés, supermercados, restaurantes e hotéis. O plano passa por estender esta rede ao país, através de uma rede de parceiros, quando a marca já estiver suficiente estabelecida e conhecida no distrito.

20 mil litros num ano

Um ano e pouco depois de chegar ao mercado, a Bemdita já produziu uns muito respeitáveis 20 mil litros, o equivalente a 60 mil garrafas de 0,33 cl. “Gostávamos que fosse mais, existe essa capacidade instalada, mas temos naturalmente de acompanhar o ritmo do mercado e dos nossos clientes”, refere Jorge Cerqueira.
A Bemdita já produziu oito tipos diferentes de cerveja, num catálogo permanente de cinco referências: a Pilsener, com um estilo semelhante às cervejas de tipo industrial; a Weiss, uma cerveja de trigo, com um baixo teor de álcool e muito refrescante; a Saison Ambar, muito condimentada, com aromas de cravinho, nós moscada, canela, a lembrar um estilo belga; a Stout, uma cerveja clássica; a American IPA, muito frutada, com aromas doces de manga, laranja e maracujá, com adição de coco e cacau; e, por fim, a Bock, muito maltada, cor escura, também doce por ter pouco lúpulo.
 

Cerveja Bemdita
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