Sopram ventos de mudança nas Caves Campelo

Fotografia: Ricardo Garrido
Luís Costa

Luís Costa

De repente, surge-nos a imagem de uma adega à face da estrada com uma pequena vinha, de dimensão quase simbólica, mesmo ao lado, entre o parque de estacionamento e a movimentada estrada que liga Barcelos a Famalicão, em Moure. O primeiro impacto não é especialmente sedutor. Mas quando entramos nas instalações das Caves Campelo, por uma receção ampla e moderna, percebemos que ali houve investimento, sangue novo, e uma tentativa séria de romper com um passado unicamente assente em vinhos fáceis, baratos, gaseificados e vendidos em garrafões de cinco litros. 

 

Somos recebidos por Rui Miranda, responsável pelo departamento de exportações, que à medida que nos conduz na visita à adega, aos armazéns e à linha de engarrafamento nos apresenta Reinaldo Pinho, enólogo da casa, e Óscar Lima, um dos irmãos proprietários dos Vinhos Campelo desde 2007, e que é também o responsável pela logística da empresa.

Nas Caves Campelo há um “antes” e um “depois” de 2007, período a partir do qual “o principal foco da empresa passou a ser o aumento da qualidade dos vinhos aqui produzidos”, explica-nos Rui Miranda, algo que pudemos confirmar na prova que se seguiu – e que passou também pelos vinhos Campelo das regiões do Douro e do Dão, por mera curiosidade jornalística e enófila, pois estão fora do âmbito da presente reportagem.

A mudança ocorre, portanto, há dez anos, quando a empresa é adquirida por José Carlos Lima & Filhos, tal como nos conta Óscar Lima: “A partir do momento em que adquirimos a empresa houve efetivamente uma grande mudança. O meu pai sempre esteve ligado ao ramo dos vinhos. Mas depois separou-se do negócio que tinha com o meu tio e foi então que surgiu esta oportunidade de ficarmos com as Caves Campelo. Começámos logo em 2007 com um processo de renovação e crescimento que ainda hoje está em curso, a tentar acompanhar os mercados e as tendências, e a testar a nossa capacidade de resposta em todos os aspetos, desde as instalações à enologia”.

Apesar de ter apostado na compra da empresa em pleno começo da grave crise financeira que assolou os Estados Unidos e a Europa, com destaque para o nosso próprio país, a família de José Carlos Lima suportou essa fase difícil com tenacidade. “Fizemos tudo sem grandes loucuras, tudo muito bem pensado, muito calculado, e a verdade é que temos atingido todas as metas que nos propusemos alcançar”, sublinha Óscar Lima, para acrescentar que “o mercado nacional sempre teve uma importância histórica na vida da empresa, mas temos vindo a crescer cada vez mais no mercado externo. E é este o nosso futuro”.

Presentes em cerca de três dezenas de países, as Caves Campelo não hipotecaram, no entanto, o património de “vinhos populares” que herdaram em 2007. “Não houve um corte com a tradição. Houve, sim, um renovar da tradição, o “lavar a cara” a alguns vinhos, com um aumento substancial de qualidade em muitos deles”, diz-nos Rui Miranda, para sublinhar a importância estratégica da aposta “numa gama de vinhos bastante superior”, assente sobretudo nos varietais Loureiro, Arinto e Alvarinho.

Também aqui, em Moure, na estrada que liga Barcelos a Famalicão, sopram ventos de mudança nos Vinhos Verdes.

16
Tapada do Marquês Alvarinho 2016
Vinhos Verdes / Branco / Caves Campelo

Amarelo limão. Feito em Monção e Melgaço, tem um nariz com perfil floral, cítrico de lima e raspa de laranja e tropical de meloa e ananás maduro. Na boca, ampla e reconfortante, fresca e sedutora, mostra fruta tropical (de novo ananás, mas também manga e papaia).
5,50€


14
Campelo
Vinho Verde / Branco / Caves Campelo
2,29€


15
Tapada do Marquês Loureiro 2016
Vinho Verde / Branco / Caves Campelo
3,49€


15,5
Tapada do Marquês Arinto 2016
Vinho Verde / Branco / Caves Campelo
3,49€

 

(Este texto faz parte da grande reportagem "A revolução silenciosa dos Vinhos Verdes", publicada originalmente na edição nº 333 da Revista de Vinhos)