A Vindima de Negra Mole no Algarve

Fotografia: Fotos D.R.
Redação

Redação

Nos vinhos uma das maiores dificuldades de afirmação de uma região, passa por conseguir ter castas com capacidade de diferenciação. A região Vitivinícola do Algarve procura essa diferenciação. Chama-se Negra Mole, uma casta única no Mundo.

 

Para quem está mais informado acerca das castas dos vinhos ou habitualmente procura um vinho que expresse toda a identidade particular de uma casta, vulgarmente designados por monocasta por serem vinificados maioritariamente com um tipo de uva, talvez já tenha ouvido falar, e até provado, um vinho feito apenas com Negra Mole – a casta mais emblemática do Algarve – e que já foi a mais utilizada na região para a produção dos seus vinhos regionais.

A Negra Mole está disseminada por toda a região, sendo ela uma das principais, ou até a única a integrar os lotes dos afamados e típicos Palhetes e Claretes algarvios. Para os menos entendidos os Palhetes podem-se obter com mistura de uvas brancas e tintas. No caso algarvio a mistura era natural e feita de apenas Negra Mole, pois na maioria dos casos pois é frequente os talhões de uvas desta casta conterem uvas brancas, rosadas e tintas, fazendo uma mistura natural de mosto mais claro e mais escuro e cujo resultado era um vinho tinto de cor muito aberta, mais ligeiro no sabor e bastante aromático e frutado. Bebia-se bem ligeiramente fresco e é claro combinava otimamente com os calores e a gastronomia algarvia, que no litoral era muito à base de peixe e vegetais.

Os tempos mudaram e os gostos também, mas tem-se assistido a uma tendência gradual para a recuperação de algumas tradições, introduzindo alguma inovação e sobretudo mais qualidade e rigor. Muitos produtores estão cientes do potencial da casta Negra Mole. Atualmente já existem cerca de meia dúzia de referências de vinhos vinificados apenas com Negra Mole, entre tintos e rosados e também um Clarete, podendo já fazer-se uma prova diversa e específica desta Casta, com produções de qualidade, algumas delas medalhadas internacionalmente.

A CVA – Comissão Vitivinícola do Algarve, tem de forma consistente, vindo a promover e divulgar esta casta autóctone (que em testes genéticos foi classificada como a segunda mais antiga do país), junto da distribuição e do consumidor final, tendo acompanhado uma vindima desta casta, parcialmente feita em vinhas de 1942, de pé franco em solo arenoso, tão típico da região do Algarve.