Lusovini lança Museu Virtual

 
Manuel Moreira

Manuel Moreira

Está criado o Museu Virtual do Vinho do Dão, instrumento notável de componente didática, que aborda a história do vinho através dos tempos, focando a região vitivinícola do Dão, desde a paisagem, ao clima, passando pelo solo, da origem até à demarcação. A vertente da evolução e do consumo também não foi esquecida.


“Decidimos investir num museu virtual da região vinícola em que temos a nossa sede, o Dão, porque 70% dos nossos vinhos são vendidos no estrangeiro e, portanto, a grande maioria dos nossos clientes não tem possibilidades práticas de nos visitar”, salientou Casimiro Gomes, presidente da Lusovini, produtora e distribuidora de vinhos. “É um serviço que prestamos à região e, sobretudo, aos vinhos de Portugal. Mas, por essa razão, é também um serviço que prestamos a nós próprios: cada garrafa de vinho português que se vende no estrangeiro, seja de que marca for, é sempre boa para o trabalho da Lusovini, que distribui quase 90 marcas das principais regiões portuguesas em 42 países diferentes”, reforçou.

A produção de conteúdos teve a participação de Virgílio Loureiro, enólogo e professor aposentado do Instituto Superior de Agronomia. A apresentação decorreu no Museu de Lisboa – Teatro Romano, em Alfama – e contou a presença do ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral. O local da apresentação teve a ver, segundo Virgílio Loureiro, com o facto de terem sido os romanos que generalizaram a produção de vinho no território português.

Uma segunda parte da apresentação pretendeu reproduzir os principais estilos de vinhos desde a época romana. O chefe Vítor Sobral criou uns petiscos especialmente para o efeito.

O primeiro vinho, um branco, réplica de uma receita de Columela (escritor romano, reconhecido pelos tratados sobre agronomia), feito em talha, com ervas em infusão e especiarias, sob o nome Vissaium, (primeiro nome da cidade de Viseu), foi servido numa espécie de malga feita de terra sigillata (nome de um tipo de cerâmica romana produzida em massa ao redor do século I dC.) Nome deriva do selo (sigilum) com que eram marcadas. Esse sigilo usado como referência e propaganda da qualidade do oleiro ou da oficina onde era feito o recipiente. Acompanhou torrada, passas e azeitonas maceradas.

Um segundo vinho, um tinto de bica aberta, produzido ao estilo da Alta Idade Média, chamado Calcatorivm, (lagar rupestre), proveniente de Valpaços, o concelho com mais lagares rupestres. Com ele serviu-se uma salada de lebre, nozes e ervas. O terceiro vinho, um palhete da Aldeia Nova do Olival, em Ourém, com receita dos monges de Alcobaça, em que 80% do vinho branco fermenta num tonel, sendo adicionado de “tinta”, (tingido com uvas tintas). Este vinho representante da Baixa Idade Média, mediu-se com conserva de porco, especiarias e anchovas.

O vinho seguinte, representava o período antes da entrada de Portugal na CEE – Comunidade Económica Europeia, um branco de 1974 proveniente do Centro de Estudos de Nelas, que encantou pela jovialidade e demonstração da nobreza do envelhecimento, encontrou parceiro numa pasta de amêndoas torradas, bucho de bacalhau, azeite de pimenta preta.

Os dois seguintes, o Pedra Cancela Reserva 2013 tinto e o Varanda da Serra branco 2014, representavam o tinto e branco modernos, dos nossos dias, testemunhos da evolução dos vinhos do Dão. Acompanharam, respetivamente, uma salada de língua de vaca, picles de legumes fumados e, por último, um queijo velho de ovelha e pão de centeio.

E pode-se já viajar através do site www.museuvirtualhistoriadovinho.com