Vinhos portugueses em disputa aeronáutica entre EUA e UE

 
Marc Barros

Marc Barros

Depois de a Organização Mundial do Comércio (OMC) ter autorizado, em outubro passado, que o governo norte-americano aplique sobretaxas alfandegárias de 25% sobre produtos agrícolas europeus, no montante de 7500 milhões de dólares (cerca de sete mil milhões de euros), com vista a compensar apoios da União Europeia à fabricante aeronáutica Airbus, foi anunciada no mês de dezembro a intenção de os EUA aumentarem até 100% as tarifas sobre vinhos europeus. Os vinhos portugueses que, a par dos italianos, estavam a salvo desta sobrecarga, poderão agora vir a ser penalizados.
 

Nos últimos dias, os EUA e França chegaram a um acordo, no sentido de estancar a escalada da guerra comercial. Cai assim (por agora) a implementação de novas taxas comerciais à importação de produtos franceses, entre os quais vinhos, como retaliação à proposta gaulesa de impor taxas sobre os rendimentos obtidos no quadrilátero por empresas de tecnologia como Facebook e Google. Estas ficam congeladas até final do ano, enquanto decorrem negociações no quadro da OECE. Não obstante, os EUA mantêm as tarifas de 25% sobre importação de vinhos franceses devidas à disputa aeronáutica entre a Airbus e a Boing.


Entretanto, a associação norte-americana que representa os retalhistas (US National Association of Wine Retailers), alertou para o facto de um aumento de 100% nas tarifas alfandegárias poderá representar a subida de 150% nos preços aos consumidores. Mais ainda, o país pode perder receitas de dois mil milhões de dólares e 10.000 postos de trabalho. E acrescenta que apenas dentro de uma década a produção doméstica poderá substituir as importações europeias.


Sediada em Genebra, a OMC opera como mediador das relações comerciais no mundo, intervindo na disputa de quase 15 anos entre a Boeing e a Airbus, devido às subvenções e ajudas concedidas pelos Estados Unidos e pela UE.