Uns teimosos de Coimbra

Fotografia: Jorge Matos
Luís Alves

Luís Alves

Arnaldo Baptista. Eis o “teimoso” de Coimbra. Assim é apresentado pelo filho, Pedro Baptista, hoje nos destinos da muito conhecida cerveja Praxis. “O objetivo da fundação da cerveja, pelo meu pai, foi o de restituir à cidade uma das suas velhas tradições: a produção de cerveja”, começa por dizer Pedro. Coimbra foi, de facto, conhecida pela produção cervejeira durante longas décadas, algo que foi quebrado nos anos 80 do século passado. Os primeiros exemplos de produção remontam mesmo ao início do século XIX, por volta de 1815, com especial força já no século XX, com a criação da Companhia de Cervejas de Coimbra, em 1922. Neste negócio, existia um “player” essencial e sobretudo natural: o rio Mondego. “É uma peça essencial porque é um dos rios mais portugueses e um dos menos poluídos, com boas águas, essenciais para a produção de cerveja”, defende Pedro Baptista que recorda as duas últimas marcas de Coimbra: a Topázio e a Onyx. Já lá iremos adiante, com novidades sobre ambas.

 

Quebrada a tradição nos anos 80, apesar da força académica da cidade do centro que alimentou esse apetite por cerveja, foi tempo, uns bons anos mais tarde, de a recuperar. Foi o que fez a Praxis, com sede na cidade mas presente um pouco por todo o país (mas sobretudo de Lisboa, inclusive, para cima). “O nosso negócio é muito simples: um restaurante associado à produção de cerveja. Não é uma cervejeira mas é um local onde as famílias podem trazer os filhos, como eu trago os meus, e onde temos um modelo de negócio saudável e viável”, explica Pedro Baptista, precisamente entre o local de produção da cerveja e a entrada do restaurante, de dimensão generosa, com várias zonas distintas, entre interior e exterior. A Praxis tem ainda um museu no mesmo espaço, com várias peças de produção artesanal e outras tantas de comunicação e publicidade. Tudo isto assente numa empresa familiar.


Portefólio fixo e a nova família

A Praxis tem, à imagem de todas as outras artesanais, um portefólio fixo que serve, no fundo, de entrada aos clientes. A Pilsener, Dunkel, Ambar, Weiss, Belgian Dark, Portuguese Pedro – uma APA feita em parceria com uma banda de rock de Coimbra, uma IPA, entre outras. Dessas outras destaca-se a Pumpkin, por exemplo, feita com abóbora de produção própria, ou a Lausus, produzida com ervas aromáticas da serra da Lousã. “Somos a única região do país em que a cerveja entre como produto típico da região, tal é a grandeza da nossa tradição. E, por isso, gostamos de usar produtos que são típicos de Coimbra e das regiões à volta”, explica Pedro Baptista que antevê um fortalecimento da componente agrícola – para além da produção de abóbora -, provavelmente com outras matérias-primas necessárias à cerveja, como o lúpulo.

Para já, a grande novidade apresentada pela Praxis não diz respeito ao futuro mas sim ao passado. Mais concretamente às marcas clássicas e históricas, referidas acima. “É uma grande notícia e é o reconhecimento do bom trabalho da Praxis por um grande grupo cervejeiro. A Heineken, detentora dessas duas marcas, viu na Praxis um legítimo e competente sucessor dessa tradição cervejeira de Coimbra e vamos agora usar essas duas marcas. Estavam numa gaveta e vão deixar de estar. São marcas com potencial e que dizem muito à cidade”, conta, orgulhoso, Pedro Baptista. Desta novidade esperam-se, para já, duas cervejas – uma Lager Pilsener e uma Dark Lager – que deverão chegar ao mercado em breve, já operadas pela Praxis.

Sobre o mercado das artesanais em Portugal, Pedro Baptista classifica-o como “maduro”, depois de um boom de marcas – ainda são mais de uma centena registadas, ainda que não todas produtoras. “Começamos a ver um crescendo de profissionalização, quer dos cervejeiros, quer dos clientes. São cada vez mais esclarecidos, valorizam cada vez mais os produtos não massificados”, refere o cervejeiro.

Cerveja Praxis
Urbanização Quinta da Várzea,
Lote 29, Santa Clara 3040-210
Coimbra, Portugal
W. www.beerpraxis.com 
E. coimbra@praxis.pt