Acordo sobre Alvarinho: balanço positivo

Fotografia: Arquivo
Marc Barros

Marc Barros

O chamado Acordo do Alvarinho, celebrado há três anos, resultou num balanço que Manuel Pinheiro, presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), considera “claramente positivo”.

 


O Acordo do Alvarinho “foi um passo importantíssimo mas um parto difícil, pois mudamos o paradigma. Até há três anos atrás, os produtores desta sub-região faziam a sua afirmação do mercado através da casta Alvarinho. O que fizemos há três anos - e essa foi a base do acordo - foi apostar no território e fazer a promoção de Monção e Melgaço, nos rótulos e na comunicação, como sendo berço de vinho de grande qualidade, mas não só”. Isto porque, prosseguiu, “também há Alvarinho noutros pontos da região e do país, pelo que isso deixou de ser um problema – o que hoje afirmamos é o território”, resumiu.


Em declarações à Revista de Vinhos à margem do Dia do Alvarinho, que assinalou a data da entrada em vigor deste acordo, Manuel Pinheiro resumiu os resultados alcançados ao fim de três anos. Desde logo, “vemos nas cartas de vinhos, revistas do setor e clientes que se começa a falar de Monção e Melgaço, ou seja é uma categoria própria, com um nome próprio. Todas as regiões demarcadas têm sub-regiões, mas nenhuma outra é promovida e afirmada como esta”. Ao abrigo deste acordo, são dispendidos anualmente cerca de 500 mil euros em promoção.
Esse dado, considera, reflete-se nos resultados. “Ao longo deste período as vendas de Monção e Melgaço cresceram cerca de 30%; mais do que a média do resto da região dos Vinhos Verdes. O receio dos produtores de que as vendas fossem prejudicadas não aconteceu”, sublinha.


Manuel Pinheiro ressalva ainda que foi possível suportar o preço da uva Alvarinho, a mais cara de Portugal Continental para vinhos tranquilos. “Isso faz-se valorizando os vinhos, para que o mercado traga esse valor até ao agricultor. Nós temos reunido cada seis meses com os produtores para fazer a avaliação e vemos que esse preço foi suportado”.
Ainda nesse capítulo, o receio de expansão desmesurada da casta Alvarinho na região dos Vinhos Verdes não se confirmou. O mesmo responsável assegura que “no resto da região está a plantar-se algum Alvarinho mas muito pouco, porque esta sub-região sabe viver com uma casta que é difícil e pouco produtiva. O resto da região está habituada a maiores produtividades e as primeiras plantações foram confrontadas com essa realidade”.


Mas verifica-se que “muitos produtores da sub-região fazem parcerias com produtores de outras sub-regiões dos Verdes para comprarem uvas de outras castas e fazerem os seus lotes com Trajadura ou Loureiro”. Em paralelo, os produtores de Monção e Melgaço “vendem Alvarinho para outros locais”. Um dos fatores que terá contribuído para o aumento das vendas de Alvarinho terá sido a obrigatoriedade, imposta pelo acordo, de adicionar pelo menos 30% de Alvarinho ao lote de vinhos.
Desta forma, “a região tornou-se um mercado mais aberto, o que é muito bom pois as empresas mais a sul puderam comprar Alvarinho para fazerem bons lotes e favorece as de Monção e Melgaço porque, além de terem Alvarinho como topo de gama, puderam fazer lotes com castas de outras sub-regiões para lançarem vinhos de gamas mais baixas e mais competitivos no preço”, conferindo-lhes “grande dinamismo comercial”.


A designação Vinho Verde passou a ser possível, no imediato, nos vinhos com lotes de Trajadura e Loureiro ou outras castas; para o Alvarinho produzido noutras sub-regiões “ainda não é permitido mas há-de ser gradualmente”, concluiu.